Nesta quinta-feira (7), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, órgão consultivo do Ministério da Saúde, retirou da pauta a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina contra a Covid. O remédio é comprovadamente ineficaz para a doença.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e vice-presidente da CPI da Covid, afirmou ao seu blog, que o presidente Jair Bolsonaro interferiu para a retirada da pauta. “A informação é que o presidente Jair Bolsonaro, que defende o uso da cloroquina, se irritou com o ministro Marcelo Queiroga e determinou que o estudo não fosse analisado agora, às vésperas de a CPI votar seu relatório que vai exatamente pedir o indiciamento do presidente por defender o tratamento precoce com o kit-covid”, disse o senador.
A comissão aprovou um requerimento para que a Conitec envie o estudo em até 24 horas e explique por que adiou a análise. O Ministério da Saúde confirmou a retirada de pauta do estudo, encomendado pelo ministro Marcelo Queiroga a uma equipe do médico Carlos Carvalho.
A solicitação teria sido feita pelos próprios autores da análise, diante do surgimento de novas informações sobre outros medicamentos que estariam sendo defendidos.
A retirada teria como motivo, segundo o ministério, atualizar o estudo antes que ele fosse analisado pela Conitec. Segundo o presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Saúde, Carlos Lula, que participa do Conitec, a decisão de retirar a análise da pauta foi “de cima para baixo”.
CPI da Covid
A CPI da Covid diz ter uma informação diferente da divulgada pelo Ministério da Saúde.
“Técnicos foram informados da retirada apenas ontem à noite, na véspera da reunião do Conitec, e ficaram insatisfeitos. O governo não quer que um órgão desautorize o presidente da República, que insiste no tratamento precoce com cloroquina”, acrescentou Randolfe. O vice-presidente da CPI da Covid disse que vai pedir ao presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), para que não descarte um último depoimento do ministro Marcelo Queiroga.