RICARDO DELLA COLETTA, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os membros do conselho da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aprovaram nesta terça-feira (25) que o Brasil inicie formalmente as negociações para ingresso na entidade.
Interlocutores no governo Bolsonaro já foram avisados informalmente sobre a decisão do conselho da organização. O pedido formal de adesão à OCDE ocorreu em 2017. O ingresso no “clube dos países ricos” é uma das prioridades da política externa do governo Jair Bolsonaro (PL).
Considerada uma espécie de “clube dos países ricos”, os membros da OCDE se comprometem com o cumprimento de boas práticas para o funcionamento de seus governos e economias.
A aprovação do convite ao Brasil foi revelada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela reportagem. A expectativa de interlocutores é que o governo Bolsonaro receba ainda nesta terça uma carta do secretariado da entidade sobre a luz verde, dada pelos 38 membros, para o início do processo de ascensão do país à OCDE.
Dada a largada, inicia-se um processo negociador que deve durar pelo menos dois anos. A média para a conclusão do processo dos últimos membros foi de quatro anos.
Para ter sucesso, o Brasil vai precisar aderir uma série de instrumentos normativos da entidade, além de ter a sua candidatura analisada em diversos comitês.
Mesmo antes da formalização do processo negociador, o Brasil já vinha adotando essas normas, justamente para sinalizar seu interesse em fazer parte do grupo. Até o momento, o Brasil aderiu a 103 dos 251 instrumentos.
Havia resistência de membros da OCDE em relação à entrada do Brasil. As maiores objeções eram colocadas pela França por conta da política ambiental do presidente Bolsonaro.
No entanto, segundo interlocutores, muitos dos receios levantados pelos franceses e por outros membros serão discutidos durante o processo negociador.
Ainda de acordo com interlocutores, o que verdadeiramente destravou o convite foi um entendimento alcançado entre os Estados Unidos e sócios Europeus da OCDE.
Americanos e europeus discordavam sobre o ritmo de ampliação da organização. Enquanto Washington defendia que houvesse apenas um processo de adesão por vez, os países da Europa queriam que o ingresso de um país latino-americano fosse acompanhado da análise de uma candidatura europeia.
Agora, todos os candidatos devem receber cartas-convites para iniciar seu processo de adesão. Além do Brasil, os candidatos atuais são Argentina e Peru, pelo bloco das Américas; e Romênia, Bulgária e Croácia, pelos europeus.