No Dia da Mulher, Camila Jara participa de protesto e dá detalhes sobre a Procuradoria da Mulher

Foto: Beatriz Feldens
Foto: Beatriz Feldens

Engana-se quem pensa que o Dia Internacional da Mulher seria de comemorações e descanso para a única representante feminina na Casa de Leis de Campo Grande. Na manhã de hoje (8), Camila Jara participou de um protesto no Centro da cidade e, em seguida, conversou com O Estado Online sobre uma de suas mais recentes conquistas como parlamentar.

A manifestação ocorreu no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, em conjunto com mulheres pertencentes a movimentos sociais e outros quatro partidos. O pedido era pela saída do Presidente da República.

“Nós nos reunimos para dizer, pela vida das mulheres: fora Bolsonaro. E nós dizemos isso com muita clareza, porque as mulheres continuam sendo vítimas de feminicídio, foram as mais afetadas pela pandemia, são subrepresentadas na política e não podem contar com o apoio da secretaria do Ministério das Mulheres, que investiu apenas 2,6% do orçamento total nas próprias mulheres”, reclama Camila.

Foto: Beatriz Feldens

Tentando suprir o que seria uma “falta de políticas públicas” por parte do Governo Federal, segundo a petista, veio então a ideia da Procuradoria Especial da Mulher. O órgão da Câmara Municipal, que será inaugurado oficialmente amanhã (9), deve oferecer diversos tipos de suporte para as mulheres campo-grandenses.

“Nós teremos uma equipe de profissionais – uma advogada, uma assistente social, uma psicóloga – para receber todas as demandas. Nos casos judiciais, nós poderemos auxiliar na celeridade das investigações. A perspectiva é que a gente consiga estar presente nos bairros, para oferecer segurança às mulheres que trabalham em casa”, reforça a parlamentar.

Para Jara, o importante é que a população entende que a Procuradoria será uma garantia de que as mulheres sempre estarão representadas nesse espaço de poder, independentemente de haver ou não uma mulher com mandato na Câmara Municipal. “É uma coisa segura, que veio e que vai ficar, porque está estruturada no regimento interno da casa”.

Perspectivas para o futuro

Camila considera o cenário atual, de baixa representatividade feminina na política sul-mato-grossense, bastante preocupante e um desafio a ser superado. “Nessa Casa, nós já chegamos a ter cinco vereadoras e agora, infelizmente, eu sou a única. A democracia só funciona se ela for representativa, e como que ela vai ser se 52% das pessoas [mulheres] não estão representadas nesse espaço de poder?”, questiona.

A parlamentar acredita que o problema seja estrutural e que deva ser analisado por meio das instituições. Por esse motivo, a própria Procuradoria Especial da Mulher pretende atuar para remediar o problema, oferecendo cursos preparatórios que introduzam princípios da política àquelas interessadas.

Além da procuradoria, a aprovação de políticas públicas, como os projetos que serão analisados hoje pelo Senado Federal, são fundamentais na reversão desse quadro, que a vereadora petista consegue enxergar já para as próximas eleições.

“Com a lei de cotas e a maior destinação de recursos, a gente conseguiu ver um aumento das mulheres participando da política. Aqui a gente tem uma na Assembleia e uma na Câmara; ambas são mulheres brancas de classe média. E as outras? E as mulheres negras, trans, indígenas, as de periferia? Elas precisam estar nesses espaços para produzir políticas públicas que atendam a que está lá na outra ponta”, aponta Camila.

(Com informações da repórter Beatriz Feldens)

 

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