Os representantes do MBL (Movimento Brasil Livre) estão em Campo Grande para realização do Congresso ”MBL na Estrada”. O encontro tem como objetivo promover a coesão nacional entre o grupo, a partir do alinhamento dos posicionamentos políticos dos membros das filiais com o movimento nacional. Segundo o fundador e coordenador nacional do movimento, Renan Santos, o evento consistirá em uma conversa aberta ao público, porém com uma taxa de participação por meio do ingresso.
Esta será a última reunião deles fora de São Paulo e os temas debatidos serão em torno da política internacional, nacional e local. Segundo Renan, são esperadas pessoas de todos os pensamentos e segmentos políticos e ressalta que em outras ocasiões, representantes da esquerda participaram como convidados ou ouvintes. “[No congresso nacional do movimento] A gente convidou o Freixo (PSOL) e ele não pôde ir, o Arlindo Chinaglia do PT está indo, o Orlando Silva do PCdoB está indo. A gente está chamando para debater. Não temos medo de falar com quem pensa diferente”, afirmou.
Em Mato Grosso do Sul, além de Renan, participarão os membros do MBL no Estado, o deputado estadual em São Paulo, Arthur do Val (DEM) e o deputado federal Kim Kataguiri (DEM), a quem ele caracteriza como “maior revelação política” do ano, ressaltando o volume de projetos apresentados até o momento.
Outros Estados
Os representantes do MBL já realizaram o congresso em aproximadamente 20 cidades. Renan relatou que, durante o percurso pelo País, foram enfrentados problemas com participantes que ligaram a imagem do movimento à de Bolsonaro e se decepcionaram com as críticas realizadas pelos membros ao Presidente.
De acordo com ele, as declarações desencadearam boicote no Rio Grande do Sul e ameaças no Rio Grande do Norte, único local em que o congresso foi cancelado. ”A gente não teve o ato no Rio Grande do Norte porque, na época, o pessoal ameaçava de dar ’porrada’ nos nossos organizadores. Então, isso foi a tônica. A gente já teve muito problema com a esquerda, mas de outra ordem”, lembra.
Renan também relatou que considera os eventos do movimento como um termômetro para o discurso deles, tendo em vista que houve variações de aceitação durante os períodos pré-eleitoral, de crítica ao Bolsonaro e agora, quando a popularidade do Presidente está mais baixa. ”Os eventos foram um termômetro do nosso discurso. Hoje ele voltou a ser de acordo [ok], fazer sentido e as pessoas querem ouvir o que a gente tem a falar”, declara.
Origem nas manifestações pró-impeachment
O Movimento Brasil Livre foi criado em 2014, a partir da união de três pessoas que compartilhavam valores neoliberais e estavam inconformadas com a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Eles lideraram as manifestações que deram origem ao impeachment da então presidente e tinham como objetivo inicial aproveitar sua ”queda” para reafirmação destes valores.
Esta atuação, responsável pela visibilidade do movimento, foi transformada em filme e em um livro que tem previsão de lançamento para 15 de novembro.
(Texto: Julia Renó)