Ministro Mauro Vieira vai ao Congresso explicar postura do Brasil na eleição presidencial venezuelana

Foto: reprodução/Agência Brasil
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Nesta quarta-feira (13), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, comparece à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para abordar a posição brasileira em relação à eleição presidencial da Venezuela, realizada em 28 de julho. A audiência pública com o chanceler foi organizada a partir de um requerimento do presidente da comissão, Lucas Redecker (PSDB-RS), e está prevista para começar às 9h.

Redecker justificou o convite ao ministro mencionando que a eleição, em que Nicolás Maduro foi reeleito, segundo o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, teria sido marcada por denúncias de fraude e irregularidades, favorecendo o regime atual. Ele criticou a postura adotada pelo governo brasileiro, que preferiu uma abordagem cautelosa, pedindo que as atas de votação fossem exibidas para verificar a transparência do pleito. “O Brasil preferiu o silêncio. Timidamente, para não suscitar reações raivosas por parte de Maduro, o Itamaraty, em nota, pediu que as atas das mesas de votação fossem exibidas, confirmando a isenção do pleito”, afirmou Redecker.

Embora o Brasil não tenha reconhecido oficialmente o resultado eleitoral, as respostas do governo foram moderadas, pedindo uma comprovação formal por parte do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela. Na ocasião, o chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, reforçou o pedido de exibição das atas eleitorais.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou recentemente que o governo venezuelano é “problema da Venezuela, não do Brasil”. Em uma entrevista, Lula declarou: “Eu vou cuidar do Brasil, o Maduro cuida dele, o povo venezuelano cuida do Maduro, e eu cuido do Brasil. E vamos seguir em frente”.

Escalada de tensões diplomáticas

Embora o presidente Lula tenha um histórico de relacionamento amigável com Maduro, o clima diplomático entre Brasil e Venezuela tem se tornado tenso ao longo do ano, com episódios de atritos até mesmo antes das eleições venezuelanas.

Em um momento importante, a líder da oposição, María Corina Machado, foi impedida de concorrer ao pleito, e o Itamaraty expressou “preocupação” com o ocorrido, o que levou a uma resposta negativa da Venezuela. O próprio Maduro chegou a questionar a transparência do sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas, em um comentário que foi prontamente rebatido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil.

Outro ponto crítico surgiu em outubro, quando o Brasil vetou a entrada da Venezuela no grupo dos Brics, o que foi visto por Caracas como uma “agressão inexplicável”. Celso Amorim comentou sobre a “quebra de confiança” entre as nações. As tensões aumentaram ainda mais quando a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela publicou uma imagem com a bandeira do Brasil e uma mensagem de tom ameaçador — uma publicação que foi apagada posteriormente.

Em mais uma medida de descontentamento, o governo venezuelano convocou seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, em um gesto diplomático que indica uma possível deterioração nas relações bilaterais. O Itamaraty, em resposta, expressou “surpresa com o tom ofensivo adotado por autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”, o que foi seguido de novas críticas por parte do governo Maduro.

A audiência pública com Mauro Vieira pode trazer mais esclarecimentos sobre a condução da política externa brasileira diante do cenário político venezuelano, que continua a provocar repercussões regionais e a influenciar a diplomacia entre os dois países.

 

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