Michelle Bolsonaro diz que “pensa diferente” dos filhos e rejeita apoio do PL a Ciro Gomes nas eleições de 2026

Foto: divulgação/PL
Foto: divulgação/PL

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) tornou pública, nesta terça-feira (2), sua discordância em relação aos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma possível aproximação do Partido Liberal com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará. Em nota divulgada na madrugada em seu perfil no Instagram, Michelle afirmou que respeita a opinião de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, mas que “pensa diferente”.

A manifestação ocorre após a repercussão negativa de um evento do PL no Ceará, no qual Michelle criticou o deputado André Fernandes (PL-CE), apontado como articulador do movimento para aproximar o partido de Ciro, recém-filiado ao PSDB e potencial candidato ao governo estadual em 2026.

“Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade”, escreveu Michelle. Mesmo sem citar diretamente a prisão do ex-presidente, ela disse compreender “a dor da família diante do momento vivido por Jair Bolsonaro”.

Rejeição a Ciro Gomes e apelo aos enteados

Na nota, Michelle reafirma que não aceita apoiar Ciro Gomes e pede compreensão dos filhos do ex-presidente. “Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem. Não foi minha intenção contrariá-los”, afirma.

A ex-primeira-dama sustenta que não poderia apoiar “um homem que tanto mal causou ao meu marido e à minha família”, mencionando críticas de Ciro a Bolsonaro e lembrando que o ex-ministro foi um dos que defenderam a inelegibilidade do ex-presidente. Michelle classifica Ciro como alguém que “sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro”.

Logo após divulgar o texto, Michelle publicou nos stories uma série de vídeos reunindo críticas antigas de Ciro ao ex-presidente, recortes de entrevistas, podcasts e declarações à imprensa. Em seguida, compartilhou o print de uma reportagem em que Aécio Neves, recém-eleito presidente do PSDB, afirma que o partido não pretende apoiar a família Bolsonaro em 2026.

Reações da família Bolsonaro

A crise interna ganhou força no fim de semana, quando Michelle, durante o evento do PL no Ceará, declarou: “Fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá.”

Nas redes sociais, Carlos e Eduardo Bolsonaro reagiram, afirmando que a articulação envolvendo Ciro estaria alinhada ao que Jair Bolsonaro havia orientado. Flávio Bolsonaro também saiu em defesa de André Fernandes. “A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento”, declarou.

Cenário eleitoral no Ceará

O movimento de aproximação com Ciro Gomes, que tem forte influência política no estado, estaria sendo discutido dentro do PL como uma estratégia para ampliar alianças visando 2026. Michelle, porém, defendeu que o partido apoie o senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo estadual, posição que ainda deve ser debatida em reunião interna da sigla.

A a nota divulgada por Michelle Bolsonaro, na qual ela reforça que sua manifestação no Ceará foi motivada por lealdade ao marido e aos valores que defende. No texto, ela classifica Jair Bolsonaro como “o maior líder que esse país já teve” e compara apoiar Ciro a “trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin”.

Confira a nota divulgada por Michelle Bolsonaro.

“Muitos têm me perguntado se vou responder às manifestações dos meus enteados:
Não vou!

Vivemos tempos difíceis. Enfrentamos tempestades de injustiças em mares de perseguição agitados. Nesses períodos, é normal que os nervos fiquem à flor da pele e podemos vir a machucar aqueles a quem jamais gostaríamos de magoar.

Amo o meu marido, a minha filha e amo a vida dos meus enteados. Eu entendo e sofro a dor deles porque ela também é a minha dor. Quero lutar junto com eles pela liberdade e pela vida do meu marido porque
amo, cuidarei dele e o defenderei com unhas e dentes, como uma leoa que defende a sua família!

Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade. Antes de ser uma lider política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa e, se tiver que escolher entre ser política, mãe ou esposa, ficarei com as duas últimas opções.

Cada pessoa é livre para tomar as suas decisões, e eu o faço considerando, coerentemente, os meus valores, a minha fé e os princípios de uma política honesta, limpa e que verdadeiramente transforme a vida das pessoas – é nisso que acredito e é por esses objetivos que tenho trabalhado todos os dias.

Diante disso, eu jamais poderia concordar em ceder o meu apoio à candidatura de um homem que tanto mal causou ao meu marido e a minha familia. Como apoiar (ou deixar de, caridosamente, admoestar quem apoia) um homem que foi responsável por implantar a narrativa que rotulou o meu marido como genocida?

Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?

Como eu olharia nos olhos da minha filha quando ela um dia me questionasse por que eu teria apoiado (ou não falei nada quando pessoas do meu partido apoiaram) o homem que tanto mal fez ao pai dela? Desculpem-me; não sou assim! Acredito em uma política diferente. Não basta derrotar o PT e a esquerda; é preciso fazê-lo mantendo-nos fieis aos nossos valores e agirmos de maneira coerente com eles.

Foi por isso, e apenas por isso, que me manifestei no Ceará. Não podia ficar calada diante desses acontecimentos. Meu marido tem um coração bom (bom até demais!) e, por isso, tenho o dever de defendê-lo e de me manifestar contra situações que eu sei, serão prejudiciais a ele. Ciro Gomes não é e nunca será de direita. Nunca defenderá os nossos valores. Sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro.

No evento, vi nos olhos do povo que ama Bolsonaro, o mesmo desconforto e insatisfação que eu sinto. Penso que derrotar o PT dessa forma, seria o mesmo que trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin.

Aqueles que defendem essa aliança, são livres para continuar com ela, mas não deveriam me criticar por não aceitá-la. Eu tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair (ele não me falou se é).

Muitas vezes, somos nós, esposas, que somos chamadas a mostrar aos nossos maridos que eles podem estar errando. Isso é normal em qualquer casamento e um precisa ajudar o outro. No episódio de Fortaleza, eu fui apenas uma esposa defendendo o seu marido e a sua familia de um homem que sempre nos atacou.

Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem. Não foi minha intenção contraria-los. Eu, assim como eles, quero apenas o melhor para o nosso herói, seu pai, meu esposo e o maior lider que esse país já teve – Jair Messias Bolsonaro.

Com carinho.

Michelle Bolsonaro”

 

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