Plenário da Assembleia teve critica a requerimento contra professora
“Os sindicatos que estiveram presentes no protesto são braços políticos partidários do PT”, disse o deputado estadual, Rafael Tavares (PRTB), sobre a manifestação de professores na Assembleia Legislativa, ontem (27). Eles lotaram o plenário para protestar pelo direito da Liberdade Cátedra em sala de aula.
Na semana passada, após solicitação de Tavares, dez deputados votaram a favor de um requerimento contra uma professora. Tavares informou que ela teria cometido doutrinação ao dizer, entre outras coisas, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era político de extrema-direita. O parlamentar ainda apresentou proposta para instalar câmeras em salas de aulas.
Questionado pelo jornal O Estado sobre o que acha dos manifestos da categoria e se irá seguir em frente com o requerimento, ele respondeu que fará quantos forem necessários. “A direção do sindicato é do PT, o presidente é filiado e já foi candidato pelo PT. Então, esse sindicato não representa a maioria dos professores. Nós estamos defendendo os interesses dos pais dos alunos que não querem seus filhos aprendendo política partidária dentro de sala de aula. Não querem seus filhos aprendendo ideologia de gênero dentro de sala de aula.
Os bons professores de MS podem contar comigo sempre. Mas esses militantes serão combatidos e iremos apresentar quantos requerimentos forem necessários, em relação a esses professores dentro de sala de aula”.
Rafael Tavares ainda aproveitou as manifestações para apresentar o Projeto de Lei 188/2023, que determina a instalação de câmeras de vídeo e de áudio nas salas de aula de escolas do Estado. A proposta cria o programa, denominado de “Educação ao Vivo”. “O presente projeto de lei pretende criar meios para que os pais e responsáveis dos alunos no Estado de Mato Grosso do Sul possam saber o que se ensina em sala de aula, bem como visa garantir a segurança dos alunos e professores no ambiente escolar, além de adequar a educação às novas realidades tecnológicas”, afirma o deputado na justificativa da proposta.”
Protesto
A ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) convocou os trabalhadores em educação, para participarem da manifestação a favor do Direito à Liberdade de Cátedra e solidarizar com a professora, que teve requerimento aprovado em seu desfavor. A professora da Escola Estadual Joaquim Murtinho, em Campo Grande, teria dito durante uma aula que o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era de esquerda, enquanto que o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) era um político de extrema-direita.
Os pais denunciaram ao deputado, Rafael Tavares. O parlamentar entendeu que ela cometeu doutrinação ideológica e apresentou requerimento de investigação contra a educadora. O total de dez deputados votaram contra a professora. E apenas Pedro Kemp e Gleice Jane foram favoráveis a ela. Segundo a ACP, “na sala de aula a liberdade de pensamento é livre, portanto, não pode ser censurada, seja pelo plano pedagógico ou preconceito por parte de qualquer cidadão do ambiente escolar, ou fora dele”. Os sindicatos presentes defenderam que a Liberdade de Cátedra garante que o espaço da sala de aula, em qualquer nível de escolaridade, seja um local fértil para se debater todo e qualquer tipo de assunto de maneira crítica. Segundo os representantes, o direito é garantido pela Constituição Federal de 1988, onde há afirmativa que o ensino será ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, no pluralismo de ideias e concepções pedagógicas.
Protestos
O início da sessão foi um pouco tumultuado, já que os professores gritavam que estavam sendo perseguidos e fizeram um “fora Tavares”.
O presidente da Casa, deputado Gerson Claro (PP) pediu respeito aos professores e disse que eles estavam atrapalhando o andamento da sessão. “Vocês pedem respeito, mas estão desrespeitando essa Casa”.
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[Alberto Gonçalves– O ESTADO DE MS]
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