Marinho tem preferência de dois senadores de MS contra Pacheco

Senadores
Foto: arquivo

Disputa envolve garantia de apoio ao governo até pedido de impeachment

Dois senadores de Mato Grosso do Sul evitam se esconder atrás do voto secreto na eleição do Senado e, por enquanto, apenas Soraya Thronicke (União) não revela em quem irá votar para presidente. Disputam o posto Rogério Marinho (PL-RN), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Eduardo Girão (Pode-CE). A senadora Tereza Cristina (PP) e o senador Nelsinho Trad (PSD) revelaram nas redes sociais que darão apoio a Marinho, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como representante da ala conservadora. 

Bolsonaristas pressionam os colegas conservadores para que não votem para a reeleição de Pacheco. Eles querem que Marinho seja eleito a qualquer custo. Tereza Cristina resolveu revelar sua intenção no Twitter após ser questionada por um seguidor. “A campanha de Rogerio Marinho para a presidência do Senado ganhou envergadura. Tenho certeza de que ele conduzirá uma agenda que o Brasil espera, trazendo mais harmonia e equilíbrio entre os Poderes. Rumo à vitória”, disse ela que articula votos ao bolsonarista. 

Mesmo sendo do Progressistas, Tereza Cristina não segue a orientação do presidente, deputado Arthur Lira, que pede para seus senadores votarem em Pacheco. 

Nelsinho Trad é do PSD, mas não confirma voto em Pacheco. Ele afirmou no Facebook que votará em Marinho, deixando a questão partidária de lado e agradando a eleitores de Mato Grosso do Sul. “Reafirmando o meu compromisso com os eleitores sul-mato-grossenses, por quem trabalho no Senado Federal, oficializo o meu voto à presidência do Senado. Votarei em Rogério Marinho.” 

“Temos um candidato do partido, não temos nada contra ele. [É uma] pessoa educada, equilibrada, mas que teve seu momento. Agora é hora da renovação para o bem da política do nosso país”, afirmou Trad à imprensa, ao lado de Marinho e de ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Temos convicção de que temos número necessário para ganhar”, afirmou Marinho. “O governo tem agido de forma incisiva. É a regra do jogo”, completou, dizendo que o governo tem se movimentado porque está preocupado em não conseguir manter um aliado na presidência da casa. 

A assessoria da senadora Soraya também disse ao jornal O Estado que “por enquanto, ela não pretende abrir o voto”.

Traições

As chamadas “traições” são comuns em votações para presidente do Senado, pois, com votação fechada, os senadores não ficam expostos. A dupla de MS pode optar por essa tática para eleger aliados, já que os partidos que fazem parte estão orientando de forma contrária. 

Afastada da ala bolsonarista, Soraya Thronicke também faz mistério sobre o voto. Ela quer emplacar a CPI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, e já foi procurada por Pacheco para tratar do tema. O senador prometeu a ela que, se reeleito, vai emplacar a investigação, o que agrada à senadora. Mesmo assim, ela ainda não crava o nome dele. 

Marinho se irrita

O senador Rogério Marinho reclamou nos bastidores sobre suposta “interferência” do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Segundo o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, aliados dele disseram que Moraes teria ligado para alguns parlamentares pedindo voto no atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que disputa a reeleição para o cargo. 

O argumento que Moraes estaria usando, dizem aliados de Marinho, seria o de que Pacheco é um nome mais alinhado à “democracia”. Especialmente em um momento de ataques às instituições, após as invasões golpistas de 8 de janeiro. Isso irritou bolsonaristas e Marinho. Nos bastidores, existe a conversa de que os conservadores estão se unindo pela defesa do impeachment de Moraes, por isso o ministro de certa forma estaria defendendo a reeleição de Pacheco.

Reeleição de Pacheco

O senador Rodrigo Pacheco, que busca a reeleição, só tem apoio público do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do PDT. A bancada do PSD, partido dele, ainda não declarou voto a Pacheco, o que significa que ainda há resistência ao nome dele, mesmo entre os correligionários. 

Ontem, a ministra do Planejamento e Orçamento, ex- -senadora Simone Tebet (MDB), disse durante coletiva de imprensa na Febraban (Federação Brasileira de Bancos) que apoia Pacheco já que ele é o candidato do governo. “Nosso governo está apoiando a reeleição do presidente Pacheco. Entendemos que é fundamental para o fortalecimento da democracia. O dia 8 de janeiro não foi uma data qualquer. Todos nós nos espantamos e ficamos com um sentimento de horror”, afirmou Tebet, referindo-se aos ataques contra o Palácio do Planalto, o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional.

Depende das traições

De modo geral, os articuladores do candidato do PL avaliam que o voto secreto tende a beneficiar Marinho. Pelos cálculos, eles dependem de traições de quem já firmou compromisso com Pacheco, e por isso o voto secreto os deixaria mais à vontade. 

Aliados de Marinho contabilizam ao menos 35 votos, o que inclui senadores de partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

A eleição para a presidência do Senado é secreta, feita com o depósito de cédulas em uma urna. O senador pode individualmente, se assim o desejar, expor a sua cédula aos presentes.

Bolsonarista de MS

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), conhecido como “Gordinho do Bolsonaro”, participou de jantar com o senador Rogério Marinho e grupo de apoiadores bolsonaristas. Ele postou fotos nas redes sociais, vídeo com uma ligação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao grupo e disse que a eleição de Marinho é certa. Porém, o deputado não se manifesta sobre a eleição na Câmara. 

Outro deputado bolsonarista, Marcos Pollon (PL), também faz campanha para Marinho nas redes sociais.

Por Rayani Santa Cruz  – Jornal O Estado do MS

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