O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (23) que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra”, durante o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (EUA).
Sem mencionar diretamente o presidente norte-americano Donald Trump, que discursou logo em seguida, Lula alertou que o multilateralismo vive uma nova encruzilhada e que a comunidade internacional precisa “reafirmar os princípios da Carta da ONU”.
Ao abordar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, Lula ressaltou que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu a Bolsonaro amplo direito de defesa e ao contraditório. O petista classificou como “inaceitável” qualquer ingerência de países estrangeiros no caso.
“A democracia brasileira e a soberania nacional são inegociáveis”, declarou Lula, em um recado indireto a declarações recentes de Trump, que criticou o processo judicial contra Bolsonaro e anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Primeiro encontro com Trump
A sessão marcou o primeiro encontro entre Lula e Donald Trump desde que o republicano assumiu a presidência norte-americana, em janeiro. O clima foi de expectativa, diante das tensões diplomáticas recentes entre os dois países, acentuadas por sanções dos EUA a autoridades brasileiras, incluindo familiares do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O Brasil mantém, desde 1955, a tradição de abrir os discursos da Assembleia Geral da ONU. Lula aproveitou a tribuna para defender o fortalecimento das instituições multilaterais e pedir “respeito mútuo” nas relações internacionais.
Ainda não houve confirmação de um encontro bilateral entre os dois presidentes após a sessão, mas diplomatas brasileiros consideram inevitável um diálogo para reduzir o atrito entre Brasília e Washington.
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