Líderes partidários de MS discutem possibilidade para impeachment de Bolsonaro

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Reprodução/Metrópoles

PSD montou comissão com senador sul-mato-grossense e demais lideranças do Estado formam grupos

Dirigentes do PSDB, MDB, PSD, Novo, Solidariedade, Cidadania, PDT e PT começaram a discutir a ideia de abertura do processo de afastamento do presidente Jair Bolsonaro, após discursos antidemocráticos nas manifestações de 7 de setembro.

Líderes partidários de Mato Grosso do Sul analisam o tema. Alguns integram grupos em nível nacional em que debatem sobre o apoio popular que pesa na balança quando se trata de temas como impeachment, campo democrático e instabilidade nas instituições.

O ex-ministro Carlos Marun (MDB) e o deputado federal Fábio Trad (PSD) fazem parte de um grupo de WhatsApp intitulado Pacificação Democrática, com lideranças nacionais que discutem sobre o processo de afastamento.

Ao jornal O Estado, o ex-ministro Marun pontuou que o discurso do presidente teve pontos positivos e também negativos, e na visão dele não há um fato determinante para o pedido de saída, já que o apoio ao chefe do Executivo foi demonstrado nas ruas.

“Penso que o presidente viveu um momento positivo com as manifestações pacíficas, e o momento negativo com seus pronunciamentos, onde evidentemente cometeu crime de responsabilidade em flagrante ao ameaçar o Judiciário sendo que isso é vedado pela nossa legislação. Quanto ao impeachment, entendo que ainda não existam as condições para que aconteça na prática. A rua é majoritariamente bolsonarista e o centrão funciona como um seguro impeachment, não só pelo número de deputados agregados, como o pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que possui essa prerrogativa.”

Sobre a movimentação partidária em torno do processo, Marun afirma que é pontual. “Não vejo as condições fáticas para que esse afastamento avance. Os partidos podem sim, diante da inconveniência da manifestação do presidente, que são claramente atentatórias ao estado de direito podem marcar posição pró-impeachment, mas isso não quer dizer que o afastamento venha a acontecer.”

Também integrante do grupo, mas de oposição ao governo, o deputado Fábio Trad cobrou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para se posicionarem a favor da destituição de Bolsonaro. Ele diz que as bandeiras defendidas pelo bolsonarismo são inconstitucionais.

“Se os presidentes da Câmara e do Senado estavam esperando uma ação concreta de Bolsonaro para se posicionarem institucionalmente a favor do impeachment, não precisam mais esperar. É só ver o discurso que fez. Autoria e materialidade do golpe comprovadas!”, disse Trad que reforçou sobre o artigo 85 da Constituição Federal que dispõe sobre crime de responsabilidade. “O país está sendo governado por um ‘serial killer’ do Estado democrático de Direito.”

Também do PSD, o senador Nelsinho Trad vai integrar a comissão instalada no partido para acompanhar os desdobramentos e as reações para tomar decisão se haverá apoio oficial ao pedido de impeachment. A comissão foi montada após orientação do presidente nacional, Gilberto Kassab. O senador participou de reunião virtual com o presidente e com líder do PSD na Câmara, Antonio Brito. Novas reuniões, desta vez presenciais, estão previstas para a próxima semana na sede do partido em Brasília.

Lideres partidários

O presidente do Podemos, Sergio Murilo, disse que acompanhou as manifestações via noticiários e que na sua opinião pessoal não houve crime de responsabilidade por parte do presidente. A nacional do partido emitiu nota oficial dizendo que se posiciona de maneira independente e que descarta apoio ao afastamento de Bolsonaro.

“No discurso ele fala em não cumprir as decisões do Moraes. Mas o crime só ocorre se ele não cumprir. Acho que os partidos estão querendo pegar uma carona política nesse assunto e nós queremos que o Brasil avance. Concordamos com o Lira de que precisamos avançar com as pautas que interessam o país. As bravatas que o Bolsonaro disse e a maneira que as pessoas entenderam devem ser vistas como uma virada de página. A gente precisa fazer algo para alavancar temas como: a reforma fiscal, pauta econômica e trabalhar. A desculpa da pandemia acabou, e a desculpa das bravatas de um determinado grupo não podem fazer o Brasil parar.”

Reação

A manifestação do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que classificou a postura como “gravíssima”, reforçou a pauta e os governadores do ninho, João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), pré-candidatos à Presidência da República, concordaram.

Após o fato, o deputado federal Luiz Ovando (PSL), que participou dos protestos de 7 de setembro, culpou o PDSB, e o governador João Doria, pelas articulações de derrubada do governo. Ele diz que a intenção dos partidos é viabilizar a candidatura de Doria. “PSDB quer requentar o impeachment da esquerda para alimentar o dragão da ambição de poder do Doria e a ala perdoada pelo STF. Não é assim que se viabiliza candidatura”, disse Ovando no Twitter.

No nível nacional lideranças políticas de outros partidos, como PL, Rede, PSB e PSOL, também se posicionaram favoravelmente ao debate de impeachment. Acesse também: Por áudio, Bolsonaro pede que caminhoneiros liberem rodovias

(Texto: Andrea Cruz Com Gazetado Povo)

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