Lembrado até hoje, Roberto Campos estaria com 101 anos

Economista de frases célebres traduziu como poucos o Brasil

“Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é ‘haverá saída para o Brasil?’. A segunda é ‘o que fazer?’. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo”, disse com propriedade Roberto Campos à imprensa, sobre o que ele definiu como a maior chance do país ser progressista. Se estivesse vivo hoje o economista estaria com 101 anos.

Para lembrança de vários pensamentos do cuiabano, nascido em 1917 e que faleceu em 2001, o Estado Online separou diversos apontamentos de Campos, no que diz respeito a importância de se diminuir o papel do Estado no Brasil. Uma vertente que hoje Paulo Guedes tenta emplacar como realidade em um governo no mínimo controverso quanto ao seu propósito de desenvolvimento.

“Continuamos a ser colônia, uma país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às ‘autoridades’ – a grande diferença, no fundo, é que antigamente a ‘autoridade’ era Lisboa. Hoje, é Brasília”, falou também Roberto Campos, ainda no século passado, um viés, infelizmente ainda atual ao Brasil para muitas situações.

Um dos primeiros anti-petistas com holofote, Roberto Campos era implacável com o partido de Luis Inácio Lula da Silva, hoje preso por acusações de corrupção. “O PT é um partido de trabalhadores que não trabalham, estudantes que não estudam e intelectuais que não pensam”, citou o economista bem antes do Partido dos Trabalhadores chegar à Presidência da República.

E o discurso, talvez até mais ácido que o do anti-petismo de hoje, que elegeu em 2018 Jair Bolsonaro como presidente, só não foi mais polêmico por conta da repercussão que a direita tinha ainda restrita no final dos anos 90.

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês. São os filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola”, destacou o provocativo Campos, hoje pouco lembrado por bolsonaristas, olavistas e ativistas de direita do Brasil.

(Texto: Danilo Galvão e Izabela Cavalcanti)

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