Durante uma entrevista nesta quarta-feira (14), o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não atendeu o presidente da farmacêutica americana Pfizer esperando por 10 horas para uma reunião e não compareceu. O fato aconteceu em 2020, segundo a entrevista concedida à CNN.
“O presidente da Pfizer veio ao Brasil no ano passado para oferecer vacina ao presidente Bolsonaro. Ele chegou no Palácio [do Planalto] às 8 horas da manhã. Às 18 horas – olha o tempo que ele ficou lá, o chá que ele levou -, disseram a ele que o presidente não poderia atendê-lo”, contou Kajuru. “Isso é gravíssimo, certo? E há provas sobre isso. Tem um ex-ministro que conta essa situação, ele fala sobre isso, ele viu, um ex-ministro da Saúde que, na hora certa, todo mundo saberá”, disse o senador, sem citar nomes.
À CNN, a Pfizer disse que o relato do senador não procede. O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre o assunto. Kajuru também se disse rompido com o presidente Bolsonaro, com quem afirmou que “nunca mais” vai voltar a falar. Apesar disso, Kajuru não se colocou na oposição ao governo.
“Vou continuar na torcida para o governo se recuperar, ser contra o governo Bolsonaro é ser contra o Brasil”, explicou. “Não vou ser rancoroso, vou continuar apoiando o que for correto e criticando aquilo que tiver de ser criticado.”
O senador Jorge Kajuru divulgou no domingo (11) a gravação de um telefonema entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. Na conversa, Bolsonaro pressionou para que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a condução do governo federal na Covid-19 seja ampliada para investigar também governadores e prefeitos.
O parlamentar disse à CNN que ligou para o presidente Jair Bolsonaro para reclamar de críticas que o presidente estaria dirigindo a senadores e para explicar a Bolsonaro que ele, Kajuru, e também outros senadores defendem que também sejam investigados governadores e prefeitos.
Nesta segunda-feira (12), Kajuru divulgou outro trecho da conversa em que Bolsonaro aparece dizendo que teria que “sair na porrada” com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do pedido de abertura da CPI da Covid-19.
De acordo com Kajuru, o presidente foi avisado pelo próprio parlamentar de que a conversa seria divulgada, e consentiu com a atitude. “Se ele falasse para mim ‘não coloca’, eu não colocaria, mas ele conversou comigo, eu penso, de forma republicana”, justificou o senador.
CPI da Covid
O governo federal se movimenta para que não seja o único alvo da CPI. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instaure a CPI, que há meses já tinha mais do que as 27 assinaturas necessárias para ser instalada.
A decisão de Barroso foi alvo de críticas de Pacheco e do próprio presidente Jair Bolsonaro, que acusou Barroso de intervir indevidamente em outro Poder e de agir movido por “militância política”.
A iniciativa de Barroso agora será discutida no plenário do STF. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, marcou para quarta-feira (14) o julgamento sobre a instalação da CPI no Senado Federal.