O procurador Sergio Harfouche (sem partido) disse, ao jornal O Estado, que na eleição deste ano ainda pode surgir em Mato Grosso do Sul uma candidatura da ala conservadora. Ele prefere não divulgar se entra em disputa política, porque a legislação eleitoral exige o cumprimento de desincompatibilização do cargo seis meses antes da data da eleição, que ocorre em 2 de outubro.
O procurador afirma que só irá comentar sobre o futuro político no fim de março. “Eu não posso antecipar nada, enquanto não me desincompatibilizar do cargo. Por conta das campanhas anteriores e é muito difícil não ser abordado pelas pessoas perguntando se disputo ou não. Mas não antecipo nada neste momento.”
Harfouche afirma que Mato Grosso do Sul é um Estado conservador, e por isso pode haver representantes na disputa eleitoral. “As pessoas podem se surpreender com candidatura conservadora. O Estado é conservador. Falando em figuras políticas atuais, temos um grande exemplo e que não envergonhou nosso Estado que é a ministra Tereza Cristina. Ela vem trabalhando ao lado do presidente Jair Bolsonaro e fazendo um bom papel. É um dos exemplos de fortalecimento desse direcionamento.”
Ele cita que mesmo com uma campanha “simplória e modesta” foi bem votado, na eleição de 2018, quando enfrentou políticos na ativa e tentou cargo no Senado. Harfouche disputou pelo PSC e teve 292.301 votos. “Eu fui o 2º mais votado para Senado em Dourados e Três Lagoas. E tudo isso em campanha sem dinheiro e sem apoio do partido.”
Na campanha de 2020, ele saiu candidato a prefeito de Campo Grande pelo Avante. O procurador foi o segundo mais votado da cidade com 48.094 votos. Porém, teve os votos anulados após terminar a candidatura indeferida e disputar sub judice. Ele cita que foi uma campanha solitária, isolada, enfrentando 14 candidatos, somado ao prefeito Marquinhos Trad (PSD) que estava em exercício.
Sobre toda essa situação, Harfouche diz que a decisão de indeferimento da candidatura prejudicou a campanha, e indica que parte da imprensa e até outros candidatos contribuíram com o resultado. Além disso, Harfouche afirma que lutou contra campanhas milionárias tendo uma das campanhas mais baratas e sem tempo de TV.
“A lei me autorizou a disputar a eleição, mas depois o Tribunal Regional Eleitoral não aceitou a candidatura e o que havia sido decidido lá em 2018 quando eles deferiram foi mudado em 2020. Por causa de mil votos eu não fui para o segundo turno. Hoje, eu encontro pessoas na rua e elas dizem que iam votar em mim e após a divulgação por parte da imprensa marrom, de que meus votos seriam anulados, muita gente não foi às urnas. Tiveram dois candidatos também, que inclusive divulgaram essa fake news para prejudicar. Hoje, eu creio que se tivesse tido votos suficientes, e fosse para o segundo turno, a Justiça não anularia meus votos. Poderia até anular a eleição, mas não seria daquela forma porque eu seria um candidato páreo a disputar.”
Cenário nacional
O procurador fez análise sobre o cenário político nacional. Ele que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro cita que o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) não tem chances de chegar ao segundo turno. “Acho que é um grande erro. E o Moro sabe disso. O problema é que ele saiu da magistratura para dar mais força à Lava Jato e não conseguiu. Ao invés de ele esperar e se ajustar para aguardar o momento certo da vaga no Supremo, ele fez o que fez. Ele nunca deixou de ser juiz e não entendeu o lugar dele na hierarquia presidencial. Ainda considero o Moro um grande nome para ocupar assento no STF, mas para presidente não.”
O procurador indica que o ex-juiz não consegue se firmar como terceira via, e que as críticas ao presidente Bolsonaro são jogadas de marqueteiros. “Ele é odiado pelos petistas e não é reconhecido pelos conservadores. E não tem chance alguma.”
Para o procurador, o presidente Jair Bolsonaro será reeleito em primeiro turno, vencendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Cenário estadual
Sobre o cenário estadual e em relação aos pré-candidatos a governo, que já se apresentam à população, Harfouche destaca o que pensa em poucas palavras.
“Aqueles que já exerceram mandatos como administradores e gestores mostraram à população a que vieram e já mostraram os seus serviços e desserviços. É só avaliar o índice de rejeição de cada um.” (Texto: Rayani Santa Cruz)