O ministro Paulo Guedes (Economia) vai promover uma nova dança das cadeiras em sua equipe nos próximos meses. As mudanças envolvem pelo menos três secretarias especiais.
Uma das alterações é a saída do secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, que vai assumir um posto em Paris. Tostes vai ser adido na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na capital francesa.
A avaliação de interlocutores do ministério é que Tostes já prestou seus serviços à pasta nas discussões da reforma tributária e que a proposta agora está encaminhada –embora estacionada no Congresso, diante da resistência dos parlamentares.
A saída de Tostes é decidida enquanto auditores fiscais expressam insatisfação com sua atuação, por causa de não realização de concursos nos últimos anos e outras reclamações. Mas interlocutores do Ministério da Economia dizem que uma coisa não está ligada a outra e que a saída estava decidida antes do movimento dos servidores.
Outra saída é de Carlos da Costa, atual secretário especial de Produtividade e Competitividade. Costa estava há tempos cotado para uma vaga no exterior, na diretoria do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas só agora vai obter uma posição fora.
Para Costa, será criada a posição de adido comercial da Economia em Washington. A função será apresentar projetos e estatais para investidores estrangeiros interessados em aplicar seus recursos no Brasil.
Outra mudança é a criação da Secretaria Especial de Estudos Econômicos, apelidada internamente como S3E. Essa pasta reunirá o comando do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da SPE (Secretaria de Política Econômica) e parte da estrutura de estudos de outra secretaria especial –a de Carlos da Costa.
O atual secretário da SPE, Adolfo Sachsida, vai ficar no comando da S3E —planejada para ser um “think tank” de estudos comandado pelo Ministério da Economia. A intenção original era trazer um nome de fora para trabalhar junto com Sachsida, mas a proximidade do fim do ano e do calendário eleitoral (e a consequente dificuldade para trazer alguém por esses fatores) levaram a uma solução exclusivamente interna para o comando.
Recentemente, Guedes teve que trocar secretários internamente após uma debandada. Quatro integrantes pediram demissão de seus cargos em meio à operação de governo e aliados para alterar o teto de gastos.
Desde que assumiu o cargo (não contando as futuras saídas), Guedes acumula ao menos 16 perdas de auxiliares diretos. Antes adepto a nomes externos para as nomeações, o ministro chega à reta final do ano enfrentando contrariedade de representantes do mercado, o que se reflete em uma pasta cada vez mais dependente de soluções internas e servidores de carreira para executar os trabalhos.
(FOLHAPRESS)