O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a pasta fará reformas estruturais no próximo ano, apesar de ser ano eleitoral, no qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve tentar a reeleição. A declaração foi dada após encontro com empresários nesta sexta-feira (10), em São Paulo.
“Há uma convicção política de que ano de eleição não se faz reforma, não faz nada, o jogo é parado. E o recado que recebi da classe empresarial foi para prosseguir com essas reformas, porque são importantes, ajudam o Brasil a crescer e trazem votos”, disse Guedes.
Segundo o ministro, o encontro com os representantes do empresariado foi marcado pela ênfase na necessidade de a reforma administrativa. “Foi a mais pedida”, disse ele. “[O encontro] foi um voto de confiança no Ministério da Economia”.
A reafirmação do compromisso do ministro com as reformas no ano eleitoral contrasta com declaração do presidente Jair Bolsonaro dada no final de outubro, quando o chefe do Executivo afirmou em entrevista à TV que as reformas tributária e administrativa não avançarão em 2022, caso não sejam aprovadas neste ano.
Nesta sexta-feira, Guedes almoçou no bairro nobre do Morumbi com grupo de empresários que incluiu Abílio Diniz, André Esteves (BTG), Cândido Pinheiro (Hapvida), Eugênio Mattar (Localiza), Flavio Rocha (Riachuelo), Rubens Menin (MRV) e Jose Olympio (Credit Suisse). O encontro aconteceu na casa do empresário João Carlos Camargo, fundador do grupo Esfera, entidade que reúne os empresários.
“Todos [empresários presentes] reconheceram o grande trabalho que o ministro tem feito no Brasil. Foi muito elogiado. E reconheceram que o ministro precisar ajudar em algumas reformas nesse ano e ano que vem”, disse Camargo após o evento.
Guedes atribuiu ainda o alto patamar da inflação no país a um problema “mundial” ocasionado pela pandemia e classificou como “um despropósito” o pedido de impeachment protocolado por mais de 200 entidades civis na Câmara contra ele sobre sua atuação na pandemia.
“Estive no combate à pandemia desde o início. Criei o auxílio emergencial que auxiliou 68 milhões. Então acho que é um total despropósito. Mas é natural da democracia. A pessoa te joga uma pedra enquanto você está salvando a vida dela”.
As entidades que fizeram o pedido, como a Coalizão Negra por Direitos, acusam o ministro de ter cometido crime de responsabilidade na pandemia ao adotar medidas como a suspensão do auxílio emergencial em outubro de 2020 e ao não prever gastos contra a pandemia no Orçamento de 2021. A aprovação do auxílio emergencial em 2020 é creditada ao Congresso, já que foi de lá que saiu o benefício, em emenda a projeto já em andamento na Câmara.
(SUZANA PETROPOULEAS/FOLHAPRESS)