O governo Lula (PT) intensificou as discussões sobre as cortes no Orçamento de 2024 em uma reunião na segunda-feira (4), com a participação de ministros das massas mais impactadas, como Saúde e Educação. O encontro teve como foco a busca de soluções para adequar os gastos públicos à situação fiscal do país, mas terminou sem anúncios concretos. Uma nova rodada de debates está prevista para esta terça-feira (5), com a possibilidade de que um pacote de medidas seja divulgado ainda esta semana.
A equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou propostas de cortes e limitações de despesas para garantir o equilíbrio fiscal. Haddad se mostrou otimista sobre um desfecho próximo, afirmando que “estamos na reta final” das negociações.
Entre os participantes da reunião estavam ministros-chave na articulação dos cortes, como Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho) e Camilo Santana (Educação). O encontro, que durou mais de três horas, foi realizado após o cancelamento da viagem de Haddad à Europa, uma decisão tomada pelo próprio presidente Lula, em meio à alta do dólar e à necessidade de demonstrar ao mercado o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.
Haddad reforçou que a mudança de planos visa transmitir confiança aos investidores e ao mercado: “O presidente pediu para ficar e, como as coisas estão muito adiantadas do ponto de vista técnico, eu acredito que nós estamos preparados essa semana para anunciar [as adequações do Orçamento]”.
O pacote fiscal em discussão tem como objetivo garantir o déficit zero nas contas públicas em 2024, uma meta estabelecida pela equipe econômica do governo. Para alcançar esse equilíbrio, as despesas não podem superar as receitas, o que torna indispensáveis os cortes e a realocação de recursos em algumas áreas. O crescimento das despesas, impulsionado pelas demandas sociais e investimentos em setores essenciais como saúde e educação, tem desafiado os esforços de gestão de Lula para manter o controle das contas.
A ausência de anúncios claros até o momento gerou incertezas no mercado financeiro, o que contribuiu para a alta do dólar frente ao real na semana passada. Na última sexta-feira (1º), a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,87, o valor mais alto desde maio de 2020. Nesta segunda-feira, houve uma queda leve, com o dólar fechando a R$ 5 ,77.
A alta do dólar traz impactos diretos na economia, como a pressão inflacionária, especialmente sobre produtos importados. Em resposta a esse cenário, o Banco Central pode aumentar a taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para quarta-feira (6). A expectativa do mercado é de que o Copom eleve a Selic em meio ponto percentual, como forma de controlar a inflação.
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