Para Carlão o melhor para Campo Grande é a reeleição de Marquinhos
Com a franqueza habitual, Carlão não faz rodeios ao comentar sobre o pleito de 2020, disputa em que pode concorrer ao seu quarto ciclo na Câmara Municipal, ou até aparecer como nome de uma majoritária, na função de vice. Porém, quase um ano antes das definições de chapa, o 1º-secretário do Legislativo de Campo Grande não esconde a predileção para que Marquinhos Trad siga no governo da Capital. De acordo com ele, o atual mandato do prefeito é o melhor dentro do possível, em uma época difícil para a gestão pública.
Carlão prega ainda que, em torno de Marquinhos, exista um apoio institucional da Câmara, por meio de um movimento político que credencie os atuais vereadores com protagonismo no jogo político de 2020. O sonho possui suas barreiras, já que um consenso na Casa de Leis precisaria lidar com vertentes de pensamento de 29 pessoas, representadas ali por 14 siglas diferentes.
Todavia, essa ideia tem referência histórica: em 2004, foi por força da Câmara que uma candidatura vitoriosa ganhou credencial. Em outro tempo, eram menos vereadores, menos partidos na casa e até existiu uma maior facilidade de aglutinar discrepâncias que não assustam Carlão em nada.
Boa-praça, o ex-líder comunitário emblematizou na sua trajetória o companheirismo, a postura humana diante de problemas e não seria novidade este apreço por união e harmonia em projetos políticos.
“É a minha opinião e, se puder, vou convencer mais gente sobre isso. Temos de nos unir, trabalhar pela cidade e no próximo ano teremos a oportunidade de mostrar a força política que esta Câmara tem conquistado a partir de mandatos combativos e comprometidos com a cidade. Eu acredito que o Marquinhos seja a nossa melhor opção, e, dentro do PSB, vou também reforçar isso na hora em que nos organizarmos para 2020. Candidatura majoritária para concorrer não acho viável, agora uma vice do nosso partido, por que não? Existe ainda a possibilidade de o prefeito buscar um outro vice no nosso Legislativo, porque há nomes muito credenciados; o do João Rocha é um deles”, fala Carlão.
O 1º-secretário da Câmara também reflete que um dos grandes valores desta atual administração da Prefeitura de Campo Grande esteja no respeito ao movimento comunitário. “Temos um prefeito que se preocupa com as pessoas, por isso tem dado certo”, cita.
Vereador que assumiu o comando municipal do PSB fala sobre mandato na Câmara Municipal e das eleições de 2020
O Estado – Nos seus 11 anos como vereador de Campo Grande, muito aprendizado, conjunturas específicas, e apesar disso um protagonismo que só cresceu na vida pública. O senhor acredita que a sua simplicidade tenha te blindado de armadilhas e espinhos da política, principalmente nessa década, em que a renovação teve discursos tão iconoclastas?
Carlão – Quando assumi o mandato em 2009, muitos falaram que eu não duraria. Por diversos motivos, apontaram o fato de eu ser parte do movimento comunitário, ou de o meu gênio ser forte, que eu poderia ser briguento, faltar com decoro, e nada disso ocorreu. Sofri também preconceito, às vezes velado, quanto a, no início, participar com êxito em comissões, só que o tempo provou algo bem diferente disso. Cheguei depois a ser até da Comissão de Constituição e Justiça (CCP), o principal colegiado da casa, dando lá uma boa contribuição, sem ser advogado, mas me aplicando bastante a cada matéria. O vereador tem de prezar pela legalidade dos projetos, ser um bom fiscal do seu município e ainda um agente propositivo diante dos problemas da comunidade. Quando me tornei parlamentar, eu já tinha a bagagem de duas décadas de vida pública, nas quais aprendi com figuras como o Lúdio Coelho, Nelson Trad, o ex-vereador Braga e André Puccinelli, meu amigo. A humildade me ajudou a aprender e me guia nisso até hoje.
O Estado – Era um objetivo chegar à Mesa Diretora, instância da Câmara em que o senhor fala inclusive de um sonho de exercer a presidência?
Carlão – Sim. Nessa trajetória, ainda no primeiro mandato, com o PSB tendo apenas eu na Câmara, fui designado 2º-vice-presidente. No segundo mandato veio o desafio na 2ª-secretaria e, nessa mesma legislatura, a escolha para ser o 1º-secretário, cargo em que hoje estou. É um papel de muita responsabilidade, com viés bastante administrativo e que, por exemplo, me impede de ser membro de qualquer comissão. Muita gente não sabe disso, mas eu abro mão de visibilidade para estar nessa posição, com isso tenho de correr dobrado para aparecer. O presidente da Câmara tem também muito peso institucional, só que, na hora em que a imprensa precisa de um posicionamento da entidade, é ele o consultado a falar, o 1º-secretário não. Eu quero, sim, ser, futuramente, o vereador que ocupa a presidência. Quem sabe eu realize este sonho no próximo mandato.
O Estado – E, daquele mandato de 2009, duas pessoas seguiram até hoje na Câmara, curiosamente nomes que se tornaram líderes na Casa de Leis. Citamos, nesse caso, o senhor e o João Rocha, atual presidente do Legislativo municipal. Como surgiu esta amizade? Era esperado que tamanho entrosamento entre vocês fosse alcançado?
Carlão – Começou pela parceria da gente e de outros na candidatura do Paulo Siufi à presidência da Câmara. Além disso, o dia a dia também fortaleceu esta amizade, e hoje nos entendemos pelo olhar. Há toda liberdade entre nós para cobranças, conselhos, e um sempre ajudar o outro. Quando precisa, ele, com toda a sua sabedoria, me ajuda, e ajuda todo o grupo a partir da sua paciência, e sobriedade, perante as situações. Porém, quando a paciência exagera, eu também falo pra ele que “desse jeito você perde o jabuti, João! Olha que o jabuti escapa”. São perfis que se complementam, o mesmo vale quando eu me exalto, ou estou prestes a errar em alguma coisa, e ele me chama para dar um toque. Eu aprendo muito com o João, todos aprendem, porque é um político que trabalha com todo afinco por Campo Grande, tendo absoluta responsabilidade do cargo.
O Estado – Em relação aos mais novos da casa, e situações de atendimento ou conflito entre vereadores, que aconteçam nos bastidores, vocês atuam juntos? Usam alguma estratégia de revezamento?
Carlão – Sim. E nem precisa combinar para que uma mediação neste sentido aconteça. Conflitos existem, às vezes coisas do cotidiano, discordâncias, ou briguinha simples, que o veterano, vindo a conversar com os envolvidos, resolve muito mais fácil. O que não pode é algo trivial vir a atrapalhar a harmonia da Casa de Leis, pois somos representantes do povo, e a esperança de muita gente quanto ao trabalho para melhorar a nossa Campo Grande. Em alguns casos é o João que entra no meio, conversa, trata o problema do jeito dele e resolve. Em outros, eu, da minha maneira, mais acelerada, faço esse papel, sempre com todo suporte, aval dele, e da maioria dos parlamentares. A boa trajetória me credenciou hoje a ser um conselheiro do grupo, um amigo de todos. O importante é ajudar. Outra coisa essencial de frisar diz respeito à estrutura para o vereador exercer o seu mandato, em que, nesses últimos anos, conseguimos avançar bastante. O prédio recebe melhor as equipes, a população e, além disso, um suporte melhor é fornecido a todos. Essa Mesa Diretora assumiu isso como prioridade. Com mais trabalho, celeridade, a cidade ganha. A Câmara hoje tem mais respeito!
O Estado – O senhor vê um esforço de recuperação da imagem institucional, na conquista desse maior respeito? Vale lembrar que, no período de 2013 a 2016, a visão sobre a Câmara passou por muitas críticas, algumas até baseadas em desinformação. O que é pior: lutar contra uma fake news ou enfrentar os efeitos de uma avaliação pertinente de cobrança do cidadão insatisfeito com algo?
Carlão – Tanto para a mentira quanto para a crítica que seja forte e verdadeira, o bom político tem de adotar o caminho do discurso franco, de, sobretudo, respeitar a inteligência da população e não se furtar da verdade. No período da última legislatura, diante de acusações que foram infundadas, ou ataques na internet, a resposta que tive foi de informar. O vereador tem de prestar conta do que faz, do que irá realizar, daquilo que não fez, e jogar limpo. É, inclusive, um dever nosso, porque é muita responsabilidade estar ali. Agora, a antipolítica, a fake news não têm compromisso com nada. Simplesmente atiram na reputação de alguém e realizam isso de forma aleatória. Cabe ao eleitor, ao cidadão exercer o seu papel com consciência e não acreditar em qualquer tipo de informação, checar, participar do processo político.
O Estado – O fato de hoje o Legislativo de Campo Grande viver um momento único de abertura, transparência e estruturação deve fazer muita diferença para essa aproximação do mandato com a sociedade…
Carlão – A Câmara está aberta a receber as pessoas, para que elas falem do seu bairro, daquilo que elas entendem como problema, daquilo que elas gostariam de ver como solução na cidade em que elas moram. Política se faz com diálogo, com trabalho e com cooperação. É no que acredito. Escolhi a política para fazer o bem à sociedade. O vereador é cobrado o tempo todo, basta pisar o pé pra fora de casa que já terá alguém para reclamar da cidade. Tem de gostar do que faz e eu gosto. Mais que isso, sou feliz em ajudar.