Convocado pelo vereador Marcos Tabosa (PDT), o arquiteto e presidente da APMCP (Associação dos Proprietários e Moradores da Chácara dos Poderes), Rubens Moraes da Costa Marques, fez duras críticas à gestão do prefeito Marcos Trad (PSD) na sessão de hoje (15) da Câmara de Campo Grande. Ele pediu ajuda aos parlamentares para pressionar o município a executar obras na região que estão paradas há dois anos.
Representando aproximadamente 1.500 moradores, que habitam um dos maiores bairros da cidade, Marques afirmou que foram gastos cerca de R$ 7 milhões com estudos sobre obras que deveriam ser realizadas na região, mas nunca saíram do papel. Cansado de esperar por respostas do poder público, ele enviou um ofício para cada um dos 29 vereadores da Capital e citou uma longa lista de serviços essenciais que não são prestados ou sequer ofertados no Chácara dos Poderes, cenário que não evoluiu durante os dois mandatos pessedistas à frente da Capital.
“É importante que a Câmara dos Vereadores entenda que somos desprovidos de todo e qualquer serviço público na totalidade do que é prestado pelo poder Executivo. Não temos a presença do Estado em nossa comunidade, apesar de proporcionalmente pagarmos o IPTU mais caro de Campo Grande”, disse o presidente da APMCP.
Diante de algumas dezenas de moradores do bairro que acompanharam a sessão, cumprindo as regras de biossegurança e distanciamento impostas dentro da Casa, Rubens Marques lamentou a condição precária das ruas do bairro, que acarretam novos problemas. Segundo ele, existem vias intransitáveis e outras que foram apenas planejadas, mas nunca abertas. Isso impede o acesso de transporte coletivo, ônibus escolares, caminhões de coleta de resíduos sólidos e até mesmo veículos de aplicativo.
O Chácara dos Poderes, segundo o representante do bairro, não conta com uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou o serviço de agentes de saúde. Também não há oferta de educação pública, já que não há uma escola municipal próxima, nem de opções de lazer, como praças ou parques.
Córrego Pedregulho e condenação da Prefeitura
Outra situação grave no bairro Chácara dos Poderes que foi levantada para os vereadores foi a do Córrego Pedregulho. A Prefeitura Municipal de Campo Grande foi condenada em ação civil pública a retirar sedimentos e entulhos do leito e da nascente do córrego e apresentar um plano de recuperação para remediar os danos ambientais causados.
Segundo consta no processo, os problemas, de responsabilidade da gestão municipal, aconteceram “devido ao assoreamento ocasionado pela drenagem das águas pluviais e devido aos maus serviços prestados na manutenção das estradas de terra”. Para Rubens, “a morte do Córrego Pedregulho foi potencializada pela ação irresponsável” e pela falta de obras de drenagem e canalização das águas.
Na sentença, anunciada em 2020, foi deferido prazo de 70 dias para que essas obras de recuperação tivessem início, sob pena de multa diária de R$ 10 mil por dia. Ainda assim, dois anos depois, nada foi feito.
Líder da bancada do PSD na Câmara, Otávio Trad saiu em defesa da gestão de Marquinhos. O vereador salientou que o titular da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese, reuniu-se com representantes do bairro para discutir todos os pontos levantados e firmou compromissos de resolver os problemas o mais rapidamente possível.
Otávio teria indagado pessoalmente o secretário após a reunião para saber sobre a conversa e recebido a resposta de que o encontro foi “muito produtivo”. Outra promessa foi a criação de um grupo de WhatsApp entre o poder público e os moradores para facilitar o contato entre as partes.
Contudo, o presidente da APMCP rebateu o parlamentar afirmando que vem mantendo conversas com Fiorese já há algum tempo e que aguarda o cumprimento dessas promessas. Por fim, disse que os serviços que foram prestados até agora foram de péssima qualidade.
Com informações da repórter Beatriz Feldens.