Delcídio do Amaral: Sou pré-candidato em Corumbá, minha terra, minha cidade

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

[Texto: Alberto Gonçalves e Daniela Lacerda]

Presidente estadual do PRD quer disputar cadeira de prefeito por um gestor que faça a cidade branca evoluir e ajudar a população

Após ser absolvido pela Justiça Federal, Delcídio do Amaral deu a volta por cima e, agora começa um novo capítulo na sua trajetória na política brasileira. Recentemente, o ex-senador assumiu o PRD em Mato Grosso do Sul e já trabalha para formar as chapas de pré-candidatos do partido, que inclui, o seu nome para disputar as eleições municipais em outubro.

“Eu sou pré-candidato em Corumbá, minha terra, minha cidade, ninguém fez mais por Corumbá do que eu. Agora, nós vimos os recursos que liberei para Corumbá, Anel viário, Centro de Convenções, recuperação do Porto Geral, asfaltamento, enfim, cem números de projetos que eu implementei em Corumbá, sem dar um total, mais ou menos, corrigido, de quase R$ 400 milhões. Então, sei o que represento e representei para Corumbá”, declarou Delcídio.

Em entrevista ao Jornal O Estado, Delcídio também confirmou a pré-candidatura do vereador Prof. André Luis, que migrou para o PRD para disputar a Prefeitura de Campo Grande. Além de, elogiar o mais novo filiado. “André Luis é um vereador absolutamente diferenciado. Tem discurso, tem projeto, é o perfil que o PRD pretende implementar para fazer o debate político mesmo, que é o que a população espera. E não tratar a política de uma forma rasteira, de uma forma que não beneficia o cidadão, mas beneficia alguns grupos políticos ou algumas minorias que, de certa maneira, se locupletaram dessa realidade política no Estado”, afirma.

Delcídio também não descarta a possibilidade da fusão das pré-candidaturas com outros partidos, com o objetivo de acabar com a hegemonia de outros partidos. “É possível, sim. É muito possível, porque a situação está indefinida em Campo Grande. Os candidatos que estão postos aí, quais ficarão até o fim? Quem é que vai manter a sua pré-candidatura? Acho que, do jeito que as coisas estão caminhando em Campo Grande e em outras grandes cidades de Mato Grosso do Sul, surgirão surpresas dentro das alianças que podem vir a ser costuradas ao longo desse tempo, por mais que essa janela partidária delineie uma composição política, mas as alianças só vão se fechar mesmo nas convenções, ainda tem muita coisa para frente”, pontua.

STF

Recentemente, em entrevista ao site Valor Econômico, sobre os 10 anos da Operação Lava-jato, o ministro do STF (Supremos Tribunal Federal), Gilmar Mendes, classificou a prisão de Delcídio como ‘gafe estupenda’, o que causou naturalmente, indignação do ex-senador. “É lamentável, pelo menos as nossas lágrimas deviam ser levadas em consideração, porque eu sei o que nós passamos e não foi fácil, eu não desejo para ninguém. E, confesso a você que espero que as coisas, os três poderes venham a se rearrumar, para que a gente tenha uma democracia onde existe equilíbrio e não protagonismo de algum tipo de Poder”, diz. O Estado: Feita a fusão PT com o Patriota nasceu o PRD. Você está como presidente estadual da sigla aqui em Mato Grosso do Sul. Como é que está toda a organização visando a eleição de outubro?

Delcídio: Eu acho que o PRD é um partido novo. Então, cria perspectivas para você crescer, você fazer política, porque é um partido que tem espaços. Hoje a estrutura política do Estado é uma estrutura política monolítica. Onde o PSDB hegemoniza. E, evidentemente, quando se hegemoniza, sobra gente que vai buscar outras alternativas. E o PRD é uma delas. Uma das poucas. Então, é impressionante perceber o número de pessoas que tem vindo para o PRD, que está se filiando. Acho que a gente sai dessa eleição muito mais já como um partido médio, não como um partido iniciante, e consequentemente abrindo essas novas perspectivas para as eleições de 2026, e as subsequentes, mas com um projeto político, com uma proposta, discutindo o Estado como a gente tem que discutir, e não fulanizando a política ou monetarizando a política, melhor dizer.

O Estado: Agora, em cima disso, vocês já definiram quais são as cidades que terão candidatos majoritários ao PRD, ou com quem vai coligar?

Delcídio: Estamos conversando com vários partidos. E essas alianças dependem muito das especificidades de cada município. Tenho recebido gente e lideranças de Mato Grosso Sul, atendido uma média de 8 a 10 municípios por dia. Como o PRD é um partido de centro, ele não vai entrar nessa polarização existente hoje. Ele é um partido que transita com alguma facilidade dentro desse momento político que o Brasil vive. Acho que nessas eleições municipais ele vai ser menor e em 2026 essa polarização ainda deve prosseguir, mas depois, acho que ela não se sustenta mais. Essa polarização é ruim para todo mundo.

O Estado: Em toda a eleição sempre existe aquela confusão, como é que vai ser o financiamento de campanhas? Com essa fusão agora criando-se o PRD, isso vai ajudar como não aconteceu na eleição passada?

Delcídio: Isso ajuda, e como é um partido que está em construção, ele não tem hegemonias regionais ainda. Para não falar caciques. Então, a possibilidade de o PRD se estruturar melhor, sob ponto de vista de fundos eleitorais ou pré-eleitorais, e Mato Grosso do Sul ser aquinhoado, talvez com um volume de recursos melhor, é bem provável que isso ocorra em 2024, não sei em 2026, mas em 2024 com certeza, porque em 2026 o partido já vai estar mais encorpado. E o interessante é que isso que eu falei para você de Mato Grosso do Sul está acontecendo em outros estados também. Estive com o presidente do PRD recentemente, em uma reunião da direção nacional, e estamos vendo esse mesmo movimento em vários estados brasileiros. Terminando a janela, vai ficar muito claro como o PRD hoje é um partido atrativo para quem quer fazer política e quem quer espaço em função de esses espaços não existirem devido a hegemonia em alguns deles, de alguns partidos políticos.

O Estado: A janela acaba dia 5 de abril, nesse meio tempo, o que vimos, pelo menos aqui em Campo Grande, foi a saída de um vereador e a entrada de outro no partido. Isso tende a mudar ainda mais até o dia 5?

Delcídio: Não posso garantir, até porque esse processo é muito dinâmico. Mas acho que nós ganhamos bastante com a aquisição que tivemos, porque o André Luis é um vereador absolutamente, diferenciado. Tem discurso, tem projeto, é o perfil que o PRD pretende implementar para fazer o debate político mesmo, que é o que a população espera. E não tratar a política de uma forma rasteira, de uma forma que não beneficia o cidadão, mas beneficia alguns grupos políticos ou algumas minorias que, de certa maneira, se locupletaram dessa realidade política no Estado. Mas nós temos que aguardar, porque tem vereador que ainda não se definiu.

O Estado: E, está batido o martelo, André Luis, précandidato do partido? 

Delcídio: É o nosso précandidato a prefeito de Campo Grande

O Estado: Agora, fala-se nos bastidores também, que está havendo uma certa, como você falou essa hegemonia que existe dentro do Estado e por isso pode se fazer uma ala diferenciada, juntando até o mesmo PDT do Lucas de Lima, juntamente com PRD e algum outro partido, para lançar um candidato único, uma chapa única?

Delcídio: É possível, sim. É muito possível que a situação está indefinida em Campo Grande. Os candidatos que estão postos aí, quais ficarão até o fim? Quem é que vai manter a sua pré-candidatura? E eu acho que, do jeito que as coisas estão caminhando em Campo Grande e em outras grandes cidades de Mato Grosso do Sul, acho que surgirão surpresas dentro das alianças que podem vir a ser costuradas ao longo desse tempo, que é a aliança, por mais que essa janela partidária delineie uma composição política, mas as alianças só vão se fechar mesmo nas convenções, ainda tem muita coisa para frente.

O Estado: Agora, falando do Delcídio do Amaral, você anteriormente disse que este ano não disputaria cargo eletivo, mas já surgiram rumores de que será o pré-candidato em Corumbá, confere?

Delcídio: Sou pré-candidato em Corumbá, minha terra, minha cidade, ninguém fez mais por Corumbá do que eu. Agora, nós vimos os recursos que liberei para Corumbá, anel viário, centro de convenções, recuperação do Porto Geral, asfaltamento, enfim, cem números de projetos que implementei em Corumbá, sem dar um total, mais ou menos corrigido, de quase R$ 400 milhões.

Então, sei o que represento e representei para Corumbá e acho que Corumbá está em um momento decisivo, porque precisa de um gestor, em função de vários projetos que estão sendo desenvolvidos, não só para aplicar recursos em Corumbá, mas também na Bolívia, com os nossos irmãos bolivianos do outro lado, em função até de todo o planejamento estratégico e o programa de governo do atual presidente daquele Luiz Arce, que não só olha a questão dos hidrocarbonetos, do gás natural, mas também a riqueza mineral da Bolívia, que é vizinha nossa de Corumbá. Estão entrando investidores ali, agora já se estuda toda uma logística de escoamento.

Corumbá tem os quatro modais de transporte, já está se discutindo a troca de dormentes e o aumento da bitola da nossa antiga Noroeste do Brasil, a hidrovia do Rio Paraguai, Corumbá sendo uma espécie de polo de exportação, porque se tudo caminhar dentro do que está sendo planejado, você leva minério e leva outras cargas até Nova Palmira, no Uruguai. No Uruguai você faz o transbordo e depois exporta para o mundo.

A sustentabilidade, o bioma pantaneiro é a bola da vez agora, e você imagina uma cidade que consegue transformar essa conservação ambiental, esse exemplo que o Pantanal é, em recursos, envolvendo instituições europeias, americanas, gente investindo na preservação do bioma Pantanal, com grandes empresas que têm limites para a emissão de carbono, que têm compromissos com metas de carbono em 2030. Então, você abre a integração sul-americana que Corumbá tem essa vocação.

Corumbá é talvez a cidade mais emblemática, talvez não, com certeza, é a cidade mais histórica, mais cultural, mais sustentável de toda a região Centro-Oeste, e é importante, e não posso deixar de registrar, você sabe quando alguém pisou em Corumbá, em que ano foi? Em 1500, um comandante português chamado Aleixo Garcia, esse cara pisou ali atrás do caminho de Pirá-Biru, que era o acesso ao Reino Inca. Ele passou em Corumbá naquela época, no início, nas primeiras décadas de 1500, Aleixo Garcia, então veja como é Corumbá, o quão emblemática ela é.

E sem falar no turismo, na história, a história da região CentroOeste começou em Corumbá, a agência do Banco do Brasil em Corumbá é número 14. Então é diante disso e da necessidade de você ter um gestor em Corumbá, porque cuidar de calçada, de meio-fio, isso é obrigação de prefeito, mas você tem que projetar o que vem à frente, que é atender os jovens. Corumbá perdeu população, quase 8%, porque os jovens não têm perspectivas, é a qualificação, é o ensino técnico, são as universidades que ajudei a instalar, o prédio da Alfândega era uma sucata, hoje é a Universidade Campos do Pantanal está ali, fiz a reforma inteira.

O instituto tecnológico, Mato Grosso do Sul não tinha escola técnica, fui o primeiro a trazer esses institutos para Mato Grosso do Sul e não só de Campo Grande, mas de Corumbá também, de Coxim, nós temos que investir no ensino fundamental, no ensino tecnológico, o ensino médio é que tem que prevalecer em um país que quer crescer, não adianta ficar fazendo faculdade para tudo quanto é lado e dizendo que a educação está evoluindo, ao contrário, a educação começa na base e o outro desafio importante é a agregação de tecnologia, de inovação, especialmente na área da saúde que preocupa muito todos os corumbaenses.

O Estado: Você começa realmente a engajar nessa pré-campanha e já conversar com outros partidos, com grupos políticos de Corumbá, após a convenção ou já vai para cima?

Delcídio: Tenho alternado as minhas idas, minha família toda é de lá. Minha mãe tem casa em Corumbá, fica mais na fazenda, lá no Pantanal. Estou alternando, essas semanas estou mais concentrado em Campo Grande, porque é um lugar mais fácil para os municípios terem acesso e conversarem sobre o processo eleitoral nas cidades. Mas, com certeza, virou a janela, aí vou fazer uma coisa que eu sei fazer melhor que qualquer político nesse Estado, andar na rua. Não é mole não, os caras podem me ganhar de outro jeito, no tapetão, no dinheiro, mas no chão, conversando com gente, é difícil ganhar de mim, principalmente, em uma cidade como Corumbá, cidade onde eu nasci.

O Estado: Falando em tapetão, como é que você recebeu a entrevista que o ministro Gilmar Mendes, deu recentemente, onde ele disse que a maior gafe do STF foi a sua prisão?

Delcídio: Lamentável, uma gafe que causou uma tempestade na minha vida, na minha família, que nós fomos expostos, sofremos sobre todos os aspectos sociais, familiares, financeiros, porque quando acontece tudo isso, as coisas se fecham. Mas, nossa família é muito religiosa e nós resistimos. Agora, acho uma declaração extremamente infeliz, porque é muito fácil lá de Brasília afirmar um negócio desse, mas a gente viver o dia a dia como nós vivemos, vem viver para ver. Mas de qualquer maneira tirei muitas coisas boas disso tudo que nós sofremos, minha mulher, minha mãe, minhas filhas, todo mundo.

Agora, lamento profundamente que depois de tudo isso, ter vencido todos os frontes jurídicos, alguém vem e diz assim, foi uma gafe. É lamentável, pelo menos a gente deveria, pelo menos as nossas lágrimas deviam ser levadas em consideração, porque sei o que passamos e não foi fácil, não desejo para ninguém. E, confesso a você que espero que as coisas, os Três Poderes venham a se rearrumar, para que a gente tenha uma democracia onde existe equilíbrio e não protagonismo de algum tipo de Poder.

O que aconteceu comigo foi o protagonismo do Judiciário, que ainda existe e para que o Brasil seja um país justo, cidadão, seguro juridicamente, porque isso tem impactos, inclusive, na vida daqueles que querem investir no Brasil, os poderes têm que cada um cumprir com o seu papel. Nenhum poder é melhor do que o outro, nenhum poder tem mais qualidades que os demais, cada um tem sua importância dentro da construção de um estado e de um país, isso é que eu espero.

Ainda, estamos vivendo o reflexo desse judiciário protagonista e que causou uma série de problemas, eu sou um exemplo. Mas, existem outros e, eu não podia deixar de lhe falar nessa entrevista, as empresas, o quanto sofreram com tudo isso, também. A Lei 12.850 é uma lei chupada da lei americana, mas vai ver se nos Estados Unidos eles acabam com a empresa, eles punem o dono, eles punem o CEO, mas a empresa continua trabalhando, porque eles conservam o emprego e nós perdemos muitos empregos, milhões de empregos e quanto custou esse tempo todo de preparação de pessoas profissionais, da tecnologia, da engenharia, quanto custou isso para o Brasil? É, só ver os números.

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