A briga entre direita e esquerda pode ficar mais ferrenha, segundo leitura do petebista
Presidente do diretório regional do PTB, Delcídio do Amaral, diz que com a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o país tende a ficar mais polarizado. Para o ex-petista, o discurso de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos, deixou claro que ele será o líder da oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O petebista explicou que as pessoas precisam entender que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada não foi a respeito do caso Lula, e sim sobre segunda instância o qual ele, por direito constitucional responderá em liberdade.
“Claro, à luz das interpretações algumas pessoas vão ser liberadas. Por envolver o ex-presidente Lula, causou essa reação de manifestos do pessoal de direita. O retorno de Lula para o cenário político leva o país a uma polarização muito forte, entre esquerda e direita. Com isso, eu acho que quem vai ganhar é o centro”, diz.
Para Delcídio vai chegar uma hora que as pessoas vão cansar dessas brigas. “As pessoas querem emprego, saúde, educação, segurança. Não podemos ficar nesse debate sempre em tom de campanha política, senão todos sairão prejudicados”.
O ex-senador completou que o pronunciamento de Lula, provocou alguns partidos e agora, ele deve assumir o papel de líder das oposições.
Questionado se ainda possui relação com membros do Partido dos Trabalhadores, o sul-mato-grossense, diz que ainda conversa com muitas pessoas do PT, mas não com Lula, até pela situação de prisão anteriormente. Em tom de neutralidade, ele procura manter diálogos independentes de processo sofrido no passado e desgaste no PT, que provocou a perda de mandato como senador e a saída da sigla.
Eleições 2020
Os presidentes regionais do PTB vão se reunir nos dias 19 e 20 em Brasília, para discutir rumos, planejamentos e metas para eleições 2020. “Estamos preocupados em organizar o partido. O PTB tem condições de ser forte protagonista. Somos um partido de história, tivemos políticos como Getúlio Vargas e Alberto Pasqualini, não tenho dúvidas que temos chances de crescer”.
Após reunião com diretoria nacional neste mês, o partido deverá consolidar a diretoria em Mato Grosso do Sul. Candidaturas para prefeitos e vereadores deverão ser discutidas depois de organização interna definitiva. “Está tudo indefinido e muita coisa pode acontecer e alterar o cenário político”, afirmou em tom de mistério.
Governo Bolsonaro
Como ex-líder de governo, Delcídio entende bem trâmites e resultado de crises políticas. Ele enxerga uma ruptura muito grande no PSL, e torce para que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) dê certo, ao mesmo tempo que se preocupa com pontos polêmicos e brigas.
“Toda semana é uma crise. Acho que é uma briga desnecessária, questão da família, dos filhos e isso não é bom. Desgasta o governo, ele [Bolsonaro] tem que se concentrar na pauta que o elegeu. O país está estagnado e precisa se estabelecer na paute de modernidade, gestão e negócios”, concluiu.
(Texto: Rayani Santa Cruz)