O líder chinês, Xi Jinping, defendeu em reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e cinco ministros brasileiros, na sexta (7) em Pequim, “estreitar a colaboração estratégica e dotar a amizade China-Brasil de novos conteúdos”.
Segundo ele, falando diante dos jornalistas no Grande Salão do Povo, “as relações China-Brasil transcendem o escopo bilateral e servem como paradigma para promover a união e cooperação dos países em desenvolvimento e a paz e estabilidade do mundo”.
Também nas falas iniciais da reunião, depois fechada, Alckmin respondeu citando carta enviada a Xi por Lula, que agradecia mensagem em solidariedade ao Rio Grande do Sul, e descrevendo os resultados da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação).
“É uma grande honra estarmos juntos”, disse o vice-presidente, registrando estar acompanhado dos “principais ministros” de Lula. “A China é para nós inspiradora.”
A declaração de Xi, sobre a colaboração estratégica ir além do escopo bilateral, vem após documento conjunto sobre a Guerra da Ucrânia, divulgado há duas semanas por Celso Amorim, assessor especial de Lula, e Wang Yi, membro da cúpula do Partido Comunista e chanceler chinês.
Também em Pequim, os dois defenderam negociações de paz que reúnam tanto Ucrânia como Rússia –em oposição aos esforços ocidentais para isolar Moscou, como no encontro marcado para a Suíça, na semana que vem, do qual Brasil e China não devem participar.
Posteriormente, em entrevista coletiva em seu hotel, também no centro de Pequim, o vice-presidente brasileiro se concentrou nos resultados financeiros e comerciais da Cosban, inclusive linhas de crédito, que teria sido objeto da conversa fechada com Xi.
“Aliás, [ele] me disse agora à tarde que foi copresidente da Cosban, porque ele foi vice-presidente” da China, comentou Alckmin, que copreside a organização junto com o atual equivalente chinês, Han Zheng. “Então ele conhece bem a Cosban.”
Sobre um acordo de livre comércio entre China e Mercosul, que voltou a ser defendido pelo lado chinês durante a reunião da Cosban, Alckmin disse que “não é uma decisão do Brasil”, mas do bloco com Argentina, Uruguai, Paraguai e agora Bolívia. “Discute-se, conversa-se, não é um tema individual.”
Acrescentou que o Mercosul precisa ampliar seus acordos comerciais, citando União Europeia e Efta, a Associação Europeia de Comércio Livre, que reúne Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça e atua em paralelo à UE.
“Eu acho que esse é o bom caminho, e é bom para a geopolítica”, prosseguiu. “No mundo infelizmente conturbado, de guerras, o Brasil pode ser um bom exemplo, ao defender multilateralismo, defender livre comércio, fazer a diferença nesse mundo mais complexo.”
Especificamente quanto à China, afirmou que “a parceira econômica é uma realidade, é hoje o maior parceiro comercial do Brasil, mas isso não exclui os outros”. Enfatizou que a China é um grande investidor no Brasil, mas o maior ainda são os Estados Unidos. “O Brasil defende o multilateralismo. Isso é bom para o mundo.”
A cobertura em mídia chinesa da delegação foi extensa, ao longo da semana. Além do noticiário diário, Alckmin teria falado mais amplamente ao principal programa de entrevistas da rede CCTV, em participação ainda não veiculada.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa, falou ao Huanqiu/Global Times, de Pequim, concentrando-se na coordenação entre os planos de infraestrutura dos dois países. Destacou a ferrovia ligando o Brasil ao Oceando Pacífico. “Convidamos mais empresas chinesas a participar. Facilitará o comércio entre Brasil e China, além da Ásia, reduzindo o tempo de transporte.”
O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) deu entrevista ao Renmin Ribao ou Diário do Povo, principal veículo do PC, dizendo que “o Brasil espera tirar experiências valiosas da prática chinesa em promover a redução da pobreza e a revitalização rural”.
Com informações da Folhapress, por NELSON DE SÁ
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram