Apesar de ter o nome colocado como principal aposta do PT (Partido dos Trabalhadores) para a disputa ao governo de Mato Grosso do Sul em 2026, o ex-deputado federal Fábio Trad afirma que ainda não é possível confirmar oficialmente sua candidatura. Em conversa com a equipe do jornal O Estado, Trad reforçou que, neste momento, seu nome está no campo da pré-candidatura e condicionado a uma série de definições políticas que ainda precisam ocorrer, além da convenção partidária.
Entre os principais pontos a serem resolvidos está a posição política da Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB). De acordo com Trad, há um “ruído de comunicação” que precisa ser ajustado com a ministra, especialmente no que diz respeito à composição de palanques em Mato Grosso do Sul. Ele afirmou que o PT vê com preocupação a possibilidade de Tebet apoiar, no Estado, um arranjo político que reúna forças da esquerda e da extrema-direita.
“Eu diria um palanque hibrido. Seria um palanque composto pela esquerda com a extrema-direita, e isso nós não entendemos”, afirmou. Para Trad, a expectativa do partido é que, caso Simone Tebet atue politicamente no Estado, ela apoie não apenas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como pessoa, mas também as ideias e o projeto político do governo federal.
O tema já foi tratado com a direção nacional do PT. Segundo informações, a nacional considera de forma “devastadora” para o presidente Lula a vinda de Tebet para apoiar a extrema-direita.
O debate sobre o cenário eleitoral foi intensificado no último fim de semana, com a visita a Campo Grande do presidente nacional do PT, Edinho Silva. A agenda teve como foco discutir e consolidar o desenho eleitoral do partido para 2026. Além da disputa pelo governo estadual, Edinho deixou claro que a eleição para o Senado será prioridade máxima da legenda, tendo como pré-candidato para disputar uma das vagas, o deputado federal Vander Loubet.
Paralelamente, o partido trabalha na formação das chapas proporcionais para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa. Segundo Trad, os critérios para a escolha dos nomes passam pela disposição dos interessados, popularidade, competência e capital eleitoral.
Questionado se o desejo de disputar o governo é pessoal e já consolidado, Fábio Trad adotou cautela. “Prefiro responder essa pergunta mais à frente, quando as coisas se ajustarem”, disse. Por ora, ele confirma apenas que foi lançado como pré-candidato, aguardando as definições da executiva nacional do PT e o alinhamento do cenário político nacional para que sua candidatura possa, de fato, ser confirmada.
Decisão
Simone Tebet é apontada como um dos nomes cotados para a disputa ao Senado nas eleições de 2026. A ministra esteve em setembro na Assembleia Legislativa, onde participou do seminário Reforma Agrária como Dinamizador do Desenvolvimento Sustentável, e afirmou ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o cenário eleitoral. Segundo ela, o presidente avaliou que uma eventual candidatura ao Senado poderia ser importante. Apesar disso, Tebet reforça que qualquer definição sobre seu futuro político será tomada mais pra frente.
A ministra ainda não decidiu se, caso dispute o Senado, se será candidata por Mato Grosso do Sul ou por São Paulo. Essa escolha, segundo interlocutores, deverá ser feita em diálogo direto com o presidente da República.
Nos bastidores, há a avaliação de que Simone pretende montar um palanque considerado “independente” caso seja candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul. A estratégia envolveria apoio à reeleição do presidente Lula e, simultaneamente, ao governador Eduardo Riedel (PP) na disputa pelo Executivo estadual. Esse desenho político, no entanto, pode gerar ruídos, já que o PT também trabalha para lançar candidatura própria ao governo do Estado e considera estratégico o apoio de Tebet para viabilizar seu projeto.
Por Brunna Paula