Tradição de ter ex-prefeitos concorrendo ao Governo do Estado não deve ser mantida em 2026
Campo Grande vem perdendo peso na política estadual, sendo que na próxima eleição para o Governo do Estado em 2026 nenhum ex-prefeito está entre os candidatos e nas três últimas ex-chefes do Executivo Municipal da Capital sequer conseguiram chegar ao segundo turno. O peso político da Capital sempre foi grande, pois a cada eleição, mesmo alguns políticos que não chegaram ao Governo do Estado sempre tinham seus nomes cotados como fortes candidatos, como foi o caso de Levy Dias e Lúdio Coelho.
Em 2014, o então ex-prefeito Nelsinho Trad teve um desempenho sofrível, ficando muito atrás de Delcídio Amaral e Reinaldo Azambuja, cujas bases eleitorais eram as cidades de Corumbá e Maracaju. Já em 2018, nenhum ex-prefeito da Capital esteve na disputa e, em 2022, André Puccinelli e Marquinhos Trad sequer conseguiram chegar ao segundo turno, que acabou tendo Eduardo Riedel e o Capitão Contar.
Desde a primeira eleição após a sua criação no ano de 1982, Mato Grosso do Sul teve oito governadores eleitos pelo voto direto e três foram prefeitos de Campo Grande. Pedro Pedrossian, apesar de não ter disputado nenhuma eleição para a prefeitura da Capital, gostava de intitular-se como seu maior prefeito. Sendo que outros, antes de chegar ao maior posto político do estado, estiveram muito perto de chegar ao Paço Municipal.
Wilson Martins foi prefeito de Campo Grande antes da divisão do Estado, Marcelo Miranda também e André Puccinelli, após surpreender ao vencer a eleição de 1996, conseguiu chegar ao governo do estado em 2006. Já Zeca do PT foi eleito governador em 1998, dois anos após ter perdido a disputa mais acirrada da história da Capital por 411 votos, justamente para André Puccinelli. Reinaldo Azambuja, que tinha no seu currículo ter sido prefeito de Maracaju, após mandatos como deputado estadual e federal, em 2012 concorreu à prefeitura de Campo Grande e por pouco menos de 2% não foi para o segundo turno, e dois anos depois, em 2014, foi eleito Governador
Declínio
Esse declínio da influência de Campo Grande na política de Mato Grosso começou na década passada, coincidentemente com uma sucessão de administrações consideradas como muito ruins pela maioria da classe política. Quando se compara a outros políticos como Pedro Pedrossian e André Puccinelli, que deixaram marcas com obras que se tornaram referência da Capital, os mais recentes administradores não têm realizações que lembrem suas passagens pelo Paço Municipal.
Cientistas políticos
“Campo Grande tem perdido força no cenário estadual, não há mais nenhuma autoridade política, vamos assim considerar, relevante que se levantou dentro de Campo Grande”. É o que afirmou Tercio Albuquerque, cientista político, jornalista e advogado, ao comentar esse declínio do peso político de Campo Grande na política estadual. “À exceção de Nelsinho Trad, que foi prefeito de Campo Grande e é senador da República. Nós não temos mais nenhuma autoridade de relevância nesse cenário. Então, essas circunstâncias é que fazem Campo Grande perder relevância quanto a pessoas de origem direta de Campo Grande.
Tércio destaca que Campo Grande gerou poucas personalidades políticas nos últimos tempos. “Nós tivemos grandes expressões políticas, nós tivemos Wilson Barbosa Martins, Pedro Pedrossian sem dúvida nenhuma, relevantíssimos para a situação da capital do Estado, de Campo Grande, no cenário político, mas isso está passando”. Afirma o cientista político. “Nós vemos os irmãos Trad, tanto Marquinhos quanto Nelsinho, eles não têm mais a força política que tinham e não conseguem realmente, é muito difícil que consigam, guindar-se a um cargo majoritário em Mato Grosso do Sul de governador de Estado”. Conclui Tércio Albuquerque.