A Aliança Global We Protect, organização que reúne governos, empresas de tecnologia e instituições transnacionais, anunciou nesta quinta-feira (2), em Bruxelas, na Bélgica, a criação de uma força-tarefa internacional de atuação coordenada de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes na internet. O Brasil será o único país latino-americano no grupo.
Entre os demais governos participantes estão os dos Estados Unidos, Guatemala, União Europeia, União Africana de Nações, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Filipinas, Camboja, Gana, Suécia, Finlândia, Moldova, Macedônia do Norte e Emirados Árabes Unidos.
“O Brasil tem assumido um papel de liderança, tanto regionalmente quanto globalmente, em termos de comprometimento com essa aliança de enfrentamento ao abuso sexual on-line. Eles reconheceram que o país tem esse problema e resolveram enfrentar, ao invés de ignorar”, afirmou o diretor executivo da We Protect, Iain Drennan, que anunciou a criação da força-tarefa.
As nações membros da força-tarefa devem atuar em conjunto com a Interpol e empresas de tecnologia para identificar riscos potenciais e identificar redes criminosas que atuam na produção e distribuição de material pornográfico infanto-juvenil em ambiente virtual.
Está prevista ainda a realização de duas reuniões anuais para troca de experiências e para propor mudanças legislativas, procedimentais ou de abordagem de governos, ou até mesmo das políticas de empresas.
“É o reconhecimento de que estamos no caminho certo na construção de políticas públicas de proteção das nossas crianças. A entrada nessa força-tarefa é uma continuidade do que o Brasil já tem feito nessa temática”, declarou a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, chefe da delegação brasileira que participa do evento.
Problema mundial
A criação da força-tarefa ocorre em momento de crescimento dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes on-line. Dados divulgados pela We Protect apontam crescimento de 71% das denúncias de abuso e exploração infantil na internet em todo o mundo desde 2019, quando ocorreu o último encontro.
“Só conseguimos ver uma parte do que acontece no mundo on-line. A tecnologia está mudando tão rápido e o tempo que temos para responder é cada vez mais curto. Estamos atrasados, muito atrasados”, lamentou o chefe do setor para Combate à Exploração de Crianças e Obscenidade do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Steve Grocki, um dos palestrantes do evento.
Para o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do MMFDH, Maurício Cunha, a criação da força-tarefa, com a entrada do Brasil, representa um ponto de virada no combate aos grupos criminosos que atuam no país e no mundo.
“O Brasil passa agora a fazer parte de um grupo seleto de países no enfrentamento mundial desse crime bárbaro contra nossas crianças. É um tipo de crime transnacional e que necessita de cooperação de todos os envolvidos”, explicou.
Com informações da assessoria