MATEUS VARGAS E MARIANNA HOLANDA, de BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em evento com militares no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar em disputa do “bem contra o mal” e citou a possibilidade de “sacrifício da própria vida” em nome da pátria.
“Se a pátria um dia voltar a nos chamar, por ela tudo faremos. Até mesmo
em sacrifício da própria vida”, disse o presidente nesta terça-feira (5).
Sem citar as eleições, Bolsonaro voltou a afirmar que há uma disputa do bem contra o mal no Brasil. “O bem sempre venceu e vencerá também essa batalha que temos pela frente”, disse, sem detalhar a que tipo de batalha se referia. O presidente participou de cerimônia de cumprimento aos oficiais-generais promovidos.
Bolsonaro fez diversos agrados às Forças Armadas e se cercou de militares durante o seu governo. O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, filiou-se ao PL com a expectativa de ser vice na chapa do mandatário neste ano.
Na última sexta-feira (1º), Bolsonaro participou da posse do novo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e do novo comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. Em discurso na ocasião, disse que há decisões que fogem do político e vão para o militar.
“Nós todos aqui, sem exceção, somos privilegiados. Vivemos um momento onde há decisões e em última análise fogem em campo político e vem pro campo militar”, afirmou.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro tenta ampliar sua influência no Comando do Exército em ano eleitoral. No evento desta terça, o presidente disse que o ministro da Defesa tem maior destaque entre a sua equipe, “pois tem a tropa em suas mãos”. “É o que em última análise poderá fazer o país rumar em direção à normalidade, ao progresso e à paz”, declarou.
Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil enfrenta problemas internos e “açoites quase diários”. “Não para defender a pátria, mas por interesses pessoais de alguns poucos que podem muito, mas não podem tudo.” Ele não citou quem seria autor dos “açoites”, mas já se referiu anteriormente a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) como autoridades que teriam, na visão dele, poder excessivo.
“Não é fácil a vida nossa em um país ainda conturbado por questões ideológicas. Mas lá atrás foi mais difícil e vencemos. Agora, venceremos também”, afirmou ainda, sem deixar claro sobre quais crises anteriores se referia.
O presidente também disse que o Ministério da Defesa foi o primeiro a se apresentar para combater a COVID. Ele elogiou ainda a ação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante a crise no Amazonas no começo de 2021.
A crise no estado, porém, ficou marcada pela falta de oxigênio aos pacientes dias após Pazuello levar a Manaus milhares de comprimidos de cloroquina, droga sem eficácia contra o novo coronavírus. Sua gestão também foi alvo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da COVID-19 no Senado em 2021.
O presidente ainda voltou a afirmar que não há corrupção no governo, no dia em que prefeitos de diferentes regiões do país confirmaram indícios de tráfico de influência na distribuição de verbas do Ministério da Educação. Ele disse que o “vírus da corrupção” foi praticamente vencido no Brasil.