O presidente Jair Bolsonaro conversou sobre as probabilidades de que saia de seu partido, o PSL. E, nesse caso, quanto as chances de que funde um novo partido. As declarações foram dadas em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record, exibida na noite deste domingo (3).
“Eu pago a conta sobre qualquer desvio de terceiro no partido. E a mesma coisa acontece no tocante a fundo partidário”, afirmou Bolsonaro, que trava embate com o presidente nacional da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE).
A crise do presidente com seu partido vem se alastrando na esteira das denúncias sobre o esquema de candidaturas laranjas nas eleições de 2018 e ganhou proporções ainda maiores quando foi revelado um áudio do deputado Delegado Waldir (GO) chamando Bolsonaro de “vagabundo”.
“Quero que o partido não tenha problema nas eleições municipais do ano que vem e numa possível reeleição minha em 2022.”
Segundo Bolsonaro, ou ele passa a ter o comando das ações no partido ou pode vir a sair da sigla. Sobre esta última possibilidade, numa escala de 0 a 100, declarou: “80% pra sair e 90% pra criar um novo partido. Que vai começar do zero. Sem televisão, sem fundo partidário, sem nada.”
Bolsonaro afirmou que seu sonho seria criar um partido até março e ter cerca de 200 candidaturas pelo país nas eleições municipais do ano que vem.
Na entrevista, o presidente voltou a atacar a TV Globo e ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC-RJ), por conta da reportagem do Jornal Nacional, divulgada no dia 29, que relacionava seu nome à investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Segundo depoimento do porteiro do condomínio de Bolsonaro, obtido pelo telejornal, Élcio Queiroz, principal suspeito do crime, teria pedido para ir à casa de Bolsonaro no dia dos assassinatos. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.
No dia seguinte à exibição da reportagem, o Ministério Público do Rio de Janeiro disse que o porteiro deu informação falsa ao citar Bolsonaro.
“Não pode uma emissora como a Globo jogar um balde de água suja sobre mim e depois ficar por isso mesmo. A Rede Globo tem que explicar quem é que vazou um processo que corria em segredo de Justiça.”, declarou o presidente.
Bolsanaro também voltou a insinuar que as informações do processo teriam sido vazadas pelo governador Witzel – que nega. “Ele tem usado a máquina pública para me perseguir”, afirmou o chefe do Executivo. (Folha de S. Paulo)