O presidente Jair Bolsonaro lança oficialmente nesta quinta-feira (21) um novo partido, a Aliança pelo Brasil, em meio a incertezas sobre a viabilidade da legenda.
Se não conseguir brechas na Justiça Eleitoral, a nova sigla pode disputar a eleição municipal de 2020 e chegar à corrida presidencial de 2022 sem recursos dos fundos partidário e eleitoral e sem tempo de rádio e TV.
Ainda não há clima nos tribunais superiores para mudar o entendimento atual de que fundo e tempo pertencem ao partido, e não ao deputado.
Hoje, a distribuição do fundo partidário (que financia, com verbas públicas, o funcionamento das legendas) leva em conta os votos obtidos na última eleição para a Câmara, o que não garantiria esses recursos para a nova sigla de Bolsonaro.
As divisões do fundo eleitoral e do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV também são feitas com base nos dados das últimas eleições gerais —determinação tida como uma espécie de trava contra a criação desenfreada de novos partidos.
Os aliados de Bolsonaro, no entanto, tratam esse cenário com desdém. O grupo que está à frente da empreitada pela Aliança aposta que o presidente tem capilaridade e influência política suficientes para participar das próximas eleições sem dinheiro e televisão, repetindo, assim, o feito que em 2018 o alçou ao Palácio do Planalto.
Em conversas reservadas, o próprio presidente tem dito que pretende fazer da Aliança o maior partido do país. Ele aposta no peso da cadeira presidencial, além da ascendência de seu clã nas redes sociais, para conquistar filiados, com ou sem mandatos.
Além dos cerca de 30 deputados do PSL que pretendem migrar, os aliados de Bolsonaro já trabalham com a possibilidade de atrair ao menos 20 congressistas de outras siglas de centro. (Folha de S. Paulo)