Vereador eleito pelo PP, quer ajudar na fiscalização de leis e traçar projetos voltados à Educação e Juventude
Eleito para o primeiro mandato de quatro anos como vereador de Campo Grande, Maicon Nogueira, que já foi titular da antiga Sejuv (Secretaria Municipal da Juventude), promete levar sua experiência para atuação no Legislativo, ao passo em que pretende aprender com os demais colegas e trabalhar em prol dos jovens, da educação e das mães atípicas.
Mesmo antes de começar as sessões ordinárias e com os integrantes de Comissões ainda indefinidos, Maicon já adiantou que irá pleitear o grupo destinado a cuidar dos projetos relacionados à juventude. “Quero tornar essa comissão, uma comissão ativa, fazendo parceria com a própria Secretaria da Juventude, com a escola do legislativo da Câmara Municipal, proporcionando cursos e formações, mostrando para a juventude que a política não é um bicho de sete cabeças, fomentando a criação de grêmios nas escolas, apoiando as iniciativas dos jovens acadêmicos, atléticas, juventude nas igrejas. Essa é uma missão que eu vou ter”.
Com ‘portas abertas’ com a prefeita Adriane Lopes (PP), Maicon Nogueira diz que não deixará de ser um fiscalizador. “O fato de ser vereador, que tem um alinhamento com a prefeita, não me impede de fiscalizar. Pelo contrário, me dá maior autonomia […] não me impede de forma alguma de ser um grande fiscal, de estar presente e buscar fazer o que é correto. É isso que as pessoas esperam de mim e é isso que tenho para oferecer para as pessoas”, alegou. Maicon também falou sobre os três projetos prioritários que já irá apresentar na Câmara Municipal de imediato, para nos primeiros dois anos educação financeira nas escolas, dar apoio às mães atípicas, ampliação do direito ao passe do estudante.
Acompanhe a entrevista:
O Estado – Até que ponto ter participado da Administração contribui como vereador?
Maicon Nogueira – É 100% de contribuição, porque fazer um mandato eficiente e eficaz é um grande desafio. Criar projetos que realmente saiam do papel e que sejam plausíveis de serem concretizados na vida das pessoas. Ter sido secretário durante seis anos, tanto na gestão do Marquinhos, quanto da Adriane, me dá essa visão de objetividade em relação aos projetos que vou apresentar, além de que, ter construído uma política pública faz com que o meu mandato tenha um olhar mais sensível para as mais diversas áreas. Embora eu esteja ligado à política da juventude, aprendi muito sobre assistência social, sobre saúde e educação também.
O Estado – Como secretário, o senhor tinha o poder de decidir sobre os valores, como parlamentar, não pode legislar sobre assunto financeiro. Como equalizar essa questão?
Maicon Nogueira – Essa questão de quanto e como se gasta cabe ao Executivo, o vereador não cria projetos que possam gerar ônus, mas em compensação, posso criar, o Fundo Municipal da Juventude, que obrigaria o Município a ter uma parte do orçamento destinado para as políticas de juventude, é um dos objetivos do meu mandato, aprovar uma lei que destine 0,5% do orçamento municipal às políticas de juventude. E cabe também aos vereadores acompanhar a utilização desses recursos. É totalmente constitucional. Um exemplo disso é o projeto que previa 1% do orçamento à Cultura, vira uma verba carimbada. Hoje, não tem um Fundo Municipal da Juventude, ou um recurso específico para financiar essas políticas. Uma das nossas missões é nos aliar ao Conselho Municipal da Juventude para que tenhamos esse orçamento garantido.
O Estado – O senhor poderá ser o líder da Prefeita na Câmara?
Maicon Nogueira – Existe sim a possibilidade de assumir a liderança, mas ainda não conversamos sobre isso. Conversei sobre a liderança com os vereadores do meu partido e eles indicaram o meu nome para a prefeita, para ser o líder. Estou tranquilo em relação a isso. Caso realmente esse convite seja feito, estou preparado. Mesmo não sendo convidado para ser o líder, vou estar ali sempre fazendo uma fala em defesa da gestão que ajudei a construir em Campo Grande.
O Estado – Vai pleitear alguma Comissão permanente?
Maicon Nogueira – Tenho interesse em pleitear a presidência da Comissão Permanente de Juventude, pela experiência que tenho na área. Acredito que eu deva ser indicado pelos vereadores do meu partido e demais partidos para assumir essa comissão. Tenho interesse também em participar da Comissão de Educação, havendo a possibilidade, quero contribuir. Com a experiência que tenho e com o desejo de transformar a educação da minha cidade.
O Estado – Com as portas abertas com a prefeita, facilita o trabalho no legislativo?
Maicon Nogueira – De certa forma, sim, porque tenho uma relação muito direta com os secretários, pois fui secretário com eles durante muitos anos. Então, quando chegar em meu gabinete uma demanda mais urgente, consigo encurtar os caminhos da burocracia, fazendo uma visita, fazendo uma ligação. Tenho essa intimidade com o grupo que cerca a prefeita, o que facilita muito a condução do meu mandato, sem sombra de dúvida.
O Estado – Já tem algum projeto para apresentar de imediato?
Maicon Nogueira – Tem vários projetos que vou apresentar de imediato. Alguns versam sobre a criação de um programa municipal de educação financeira para crianças e jovens. Isso envolve uma série de atores como a própria Semed e a iniciativa privada e escolas estaduais também. Mas a gente vai partir para o chamamento de uma audiência pública, falar sobre a importância da educação financeira dentro das escolas. Eu tenho outro projeto que é relacionado ao primeiro emprego do adolescente autista. Hoje nós temos mais de 5 mil crianças dentro da Rede Municipal de Ensino, com autismo, que se tornarão jovens e talvez não tenham mais a rede de apoio que têm hoje e nós precisamos urgentemente criar essa política de qualificação para esse público em Campo Grande. Quero fazer uma parceria, sobretudo, com o Instituto Mirim para ter uma cota de acolhimento a adolescentes com esse perfil.
O Estado – Qual interação planeja fazer com a população, principalmente com a juventude em seu gabinete?
Maicon Nogueira – Ao me tornar presidente da Comissão Permanente da Juventude, junto a outros jovens vereadores, quero tornar essa comissão, uma comissão muito ativa, fazendo parceria com a própria Secretaria da Juventude, com a escola do legislativo da Câmara Municipal, proporcionando cursos e formações, mostrando para a juventude que a política não é um bicho de sete cabeças, fomentando a criação de grêmios nas escolas, apoiando as iniciativas dos jovens acadêmicos, atléticas, juventude nas igrejas. Essa é uma missão que eu vou ter.
O Estado – Vai levar para o legislativo alguma medida eficaz que implantou na Secretaria de Juventude?
Maicon Nogueira – Nós criamos uma Escola de Educação Financeira dentro da Secretaria da Juventude. Criamos a primeira escola pública de marketing digital do país. Criamos um programa de empreendedorismo feminino, com oferta de mais de 10 cursos diferentes de geração de renda para meninas, o curso de marketing digital. Criamos o programa Levanta Juventude, qualificando mais de 20 mil jovens para o primeiro emprego. Recebemos dois prêmios nacionais por iniciativas que viraram modelo nacional para outras prefeituras com programas de qualificação de jovens. São iniciativas que podem ser reforçadas. A gente tem a sensação do pleno emprego, mas o salário das pessoas é muito baixo em Campo Grande. Então a Câmara tem que ter um olhar muito especial em relação ao nível de qualificação das pessoas. Pessoas mais qualificadas têm chances reais de terem aumentos em salários.
O Estado – Conseguirá executar as metas no mandato de quatro anos?
Maicon Nogueira – Dividi o meu mandato em metas bianuais. A cada dois anos tenho algumas metas para cumprir. Nos primeiros dois anos, vou focar em educação financeira nas escolas, apoio às mães atípicas, com inserção no mercado de trabalho e quero levar o debate da ampliação do direito ao passe do estudante aos jovens que estão nas periferias e não têm acesso ao desporto, ao lazer, à cultura. Se tiver um programa onde se cadastra jovens de famílias vulneráveis para utilizarem gratuitamente o passe do estudante, para além da escola, irem para um parque, ou uma atividade de qualificação, daríamos um passo muito grande em relação à mobilidade dessa juventude. Então esses são os projetos principais dos dois primeiros anos.
A questão é que nem sempre um vereador resolve tudo. Ele depende dos votos dos pares, existem milhares de leis, que nunca saíram do papel, que muitas vezes não conseguem ser cumpridas. Prefiro ter três leis em um mandato eficaz buscando a resolutividade do problema da vida das pessoas, não criando um número.
Meu mandato estará presente dentro dos bairros, dentro das escolas, dentro das universidades, buscando um sentimento da população em relação aos serviços, principalmente na área de saúde. Vou visitar todas as unidades de saúde, doa a quem doer. Embora eu seja do partido da prefeita, seja um aliado, também sou aliado na fiscalização. E qualquer prefeito que se preze, quer bons vereadores ajudando na fiscalização.
O Estado – Como cobrar e fiscalizar a administração na qual já fez parte diretamente?
Maicon Nogueira – Não fui eleito pela prefeita, nem pelo partido, fui eleito pelas pessoas. O partido é o mecanismo pelo qual eu tenho a condição de ser candidato. Apoiar a prefeita é porque acredito nas intenções dela e no projeto que ela construiu. Agora, o fato de ser vereador, que tem um alinhamento com a prefeita, não me impede de fiscalizar. Pelo contrário, me dá maior autonomia que aquilo é o correto. Aposto que até a prefeita quer que seja realizado. As vezes, tem uma secretaria que é muito grande, tem um servidor que não está trabalhando da maneira que deveria trabalhar em determinado espaço, numa escola, num posto de saúde, se a merenda está boa, se não tem professor faltando, se a escala de médico está correta, se os médicos estão trabalhando. Então, isso não me impede de forma alguma de ser um grande fiscal, de estar presente e buscar fazer o que é correto. É isso que as pessoas esperam de mim e é isso que tenho para oferecer para as pessoas.
O Estado – Durante as reuniões com os demais vereadores, qual perspectiva consegue ver para a atuação da Câmara
Maicon Nogueira – Todo mundo falando que essa legislatura vai ser bem difícil, porque têm pessoas que defendem extremos ideológicos, pessoas com mais experiências, outros com menos experiência. Vejo uma grande oportunidade de aprender com esses vereadores e, sobretudo, acrescentar também um pouco da experiência que eu tenho com eles. É um clima muito amistoso. Mas vamos esperar as sessões começarem mesmo, para ver se a lua de mel continua. Por isso quero parabenizar a condução do presidente Papy, que tem criado um clima muito amistoso entre os vereadores. Isso é bom para a população.
O Estado – Como você avalia as sessões comunitárias junto à população?
Maicon Nogueira – Extremamente importante. O presidente Papy já deu declarações, vai fazer reuniões com os vereadores para alinhar, pois já houve sessões comunitárias em outras gestões de outros presidentes. Queremos mostrar para a população qual é a função do vereador. O vereador não é alguém que tem que te dar brinde para rifa. O vereador é alguém que fiscaliza e legisla as causas coletivas em Campo Grande. Quando nós levarmos as sessões para os bairros, para as escolas, para as comunidades, as pessoas vão ver como é que funcionam os debates entre os vereadores e qual é o fruto desse debate, qual é o poder de um vereador de requerer a presença de um secretário que lhe dê a explicação sobre o porquê não consegue resolver determinado problema. Então quando a gente fala sobre sessão comunitária, são vários benefícios. O primeiro, é aproximar os vereadores da população para que a população se manifeste com mais facilidade e o segundo é também educar a população”.
Por Carol Chaves
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