Policial civil que atrapalhou investigação do Gaeco é condenado e perde o cargo em MS

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Foto: Divulgação/Gaeco

O policial civil Hugo Cesar Benites, de 51 anos, foi condenado a 3 anos e seis meses de prisão por atrapalhar as investigações da Operação Snow, que apurou a atuação de uma quadrilha de tráfico de drogas em 2024, no município de Ponta Porã, a 295 quilômetros de Campo Grande. Além da pena, a Justiça determinou a perda do cargo público. Hugo já havia sido condenado anteriormente, em setembro, a 13 anos de prisão por envolvimento direto no esquema criminoso.

Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o policial dificultou deliberadamente as investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no dia 26 de março do ano passado. Durante o cumprimento dos mandados da Operação Snow, ele se desfez do próprio telefone celular com o objetivo de impedir o acesso das autoridades ao conteúdo armazenado no aparelho.

Na data dos fatos, policiais da Corregedoria-Geral da Polícia Civil foram até a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, local indicado no mandado judicial, e constataram que Hugo não estava de serviço. A delegada da unidade então entrou em contato com o policial, via WhatsApp, determinando que ele se apresentasse imediatamente à Corregedoria.

O policial levou mais de três horas para comparecer à delegacia e, ao chegar, não apresentou o celular, que havia sido escondido. Segundo a investigação, a atitude teve como finalidade impedir que o Gaeco e a Justiça tivessem acesso a informações que poderiam comprovar o envolvimento dele com a organização criminosa. À época, Hugo teria sido orientado pela defesa a não entregar o aparelho de uso pessoal.

Na denúncia, o MPMS destacou que a conduta configura crime previsto na Lei nº 12.850/2013, que trata das organizações criminosas. “De maneira deliberada, no intuito de embaraçar a investigação sobre organização criminosa em andamento, o denunciado desfez-se de seu aparelho celular, justamente porque continha informações acerca do grupo criminoso”, diz trecho do documento.

A defesa pediu a absolvição ou, alternativamente, a substituição da pena privativa de liberdade por restrição de direitos, além da manutenção do policial no cargo, sob a alegação de ausência de provas suficientes. No entanto, a juíza de Direito Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, entendeu que a materialidade e a autoria do crime ficaram devidamente comprovadas.

Na sentença, a magistrada condenou Hugo Cesar Benites a 3 anos e seis meses de reclusão, em regime semiaberto, além de 15 dias-multa. Também foi decretada a perda do cargo público e o pagamento das custas e despesas processuais. A juíza ainda afastou a possibilidade de substituição da pena por medidas restritivas de direitos ou de suspensão condicional da pena.

Quadrilha usava viaturas policiais para tráfico de drogas

Em janeiro deste ano, o MPMS, por meio do Gaeco, denunciou 21 pessoas envolvidas em uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas, que utilizava viaturas policiais para transportar cocaína pelo país. Entre os condenados estão o próprio Hugo Cesar Benites, sentenciado a 13 anos de prisão, e os empresários Luiz Paulo da Silva e Joesley da Rosa, condenados a 23 anos e 18 meses de prisão. Ademilson Palombo recebeu pena de 6 anos e 15 meses.

Outros envolvidos também foram condenados, como Eric do Nascimento Marques, a 12 anos e 3 meses, Douglas Lima de Oliveira, a 5 anos e 3 meses, e Fernando Henrique Souza, a 4 anos e 1 mês de prisão. Já Darli de Oliveira, Natoni Lima de Oliveira e Welington Souza de Lima foram absolvidos.

Segundo a denúncia, a organização possuía uma ampla estrutura logística baseada em Campo Grande, com o objetivo de escoar drogas de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, para outros estados, principalmente São Paulo. O transporte era feito, em geral, em compartimentos ocultos de caminhões frigoríficos, conhecidos como “mocós”, que carregavam cargas perecíveis para dificultar a fiscalização.

Para despistar as autoridades, o grupo também transferia a propriedade dos veículos para motoristas e empresas envolvidas no esquema, ocultando os verdadeiros responsáveis pelos caminhões utilizados no tráfico.

Após as investigações, a Justiça expediu 21 mandados de prisão preventiva e 32 de busca e apreensão, autorizados pela 5ª Vara Criminal de Campo Grande. A primeira fase da Operação Snow foi deflagrada em março do ano passado, resultando nas prisões de Rodney Gonçalves Medina, Ademar Almeida Ribas e Joesley da Rosa. As apurações indicaram que o grupo era formado por pelo menos 19 integrantes especializados no tráfico de drogas.

 

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