Filho preso pode ter sido “motivo” do 8º feminicídio na Capital

Foto: Divulgação
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Gilka Simony Nunes, de 47 anos, morta a golpes de punhal pelo marido, foi a oitava vítima de feminicídio este ano em Campo Grande. O crime aconteceu na tarde de ontem (4), na Vila Moreninha 3, região da saída para São Paulo. Daniel Souza Lirio, de 42 anos, foi preso em flagrante.

Conforme informações, uma equipe da Polícia Rodoviária Federal realizava fiscalização na BR-163, na segunda-feira (4), quando localizou um homem sujo de sangue. Ele disse que havia entrado em discussão com a companheira na tarde do mesmo dia. A polícia levou o homem até a casa onde vivia com a vítima e lá encontraram o corpo de Gilka.

Já na casa, os agentes encontraram diversas marcas de sangue. O homem carregava consigo uma faca e um punhal, ambos sujos de sangue. Ele foi preso em flagrante e levado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Durante coletiva realizada na manhã desta terça-feira (5) a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa informou que o autor do crime, Daniel Souza, confessou em depoimento que teria discutido com a vítima devido a ela sustentar um filho, que está atualmente preso por tráfico de drogas.

“Eles iniciaram uma discussão, ele deu um tapa na vítima, que revidou e deu uma facada em seu braço. De acordo com o autor, é comum ele manter uma faca, um punhal, debaixo do travesseiro. O primeiro golpe foi no tórax da vítima, os outros ele alega que não se lembra de ter dado. Em seguida ele saiu em direção à estrada, com a intenção de cometer suicídio”, disse a Delegada. Eles tinham um relacionamento há 7 anos e não possuíam filhos.

A vítima foi encontrada com cerca de nove facadas, nas mais variadas regiões: no tórax, nas costas, ombros e virilha. Ainda segundo Benicasa, as discussões entre o casal eram constantes devido ao relacionamento da vítima com o filho. Entretanto, o próprio filho e vizinhos da mulher dizem que já presenciaram outras discussões e que ela já havia sido agredida. O autor negou as brigas e se disse arrependido.

“No dia anterior eles tiveram uma conversa e ele disse que iria sair de casa, mas de acordo com o filho da vítima, o autor dizia que antes ‘ele faria algo’, mas ele nega”.

A delegada ainda esclareceu que o homem possui boletins de ocorrência por violência doméstica desde 2008. “Passando 2009, 2018, ele possui boletins por ameça, lesão corporal, contra duas ex-conviventes, contra uma namorada, contra a sobrinha e contra a sogra. Podemos dizer que essas outras mulheres se salvaram de uma agressão fatal deste autor”.

Indícios

Conforme a delega, casos de feminicídio são precedidos de outros sinais, que mostram como a denúncia por parte das vítimas é essencial.

“Nós sabemos que 100% dos feminicídios são de relacionamentos abusivos, relacionamentos tóxicos, onde há relatos de parentes, de amigos, dizendo que são homens controladores, excessivamente ciumentos, que perseguem, que não deixa a mulher usar a roupa que quer, falar do jeito que deseja, é um relacionamento que percebemos”.

“Há muitos crimes que antecedem o feminicídio: a ameaça, violência psicológica, a perseguição. Venham e denuncia, se a mulher não registrar o boletim, ela é invisível para nós”, finaliza.

Serviço

Em caso de denúncia, ligue 180 para a Central de Atendimento à Mulher – a qual presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.

A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.

O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.

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