Especialista explica os efeitos da ‘droga zumbi’ e alerta para necessidade de ações de prevenção

Foto: Reprodução
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Carga apreendida em Araçatuba saiu de Três Lagoas e cenário preocupa polícia de MS

No último fim de semana, durante abordagem de rotina, agentes da Polícia Militar Rodoviária de Araçatuba, em São Paulo, prenderam uma mulher flagrada com mais de três quilos de maconha K9 na bagagem. Conforme as informações, o ônibus havia saído de Três Lagoas, distante aproximadamente 300 quilômetros de Campo Grande, onde, até o momento, não havia indícios da existência da droga.

A K9 é uma droga sintética que vicia imediatamente, bloqueando a conexão com a realidade e provocando danos irreversíveis, como a destruição de lares com os efeitos avassaladores sobre os dependentes e suas famílias. Segundo o médico psiquiatra da Unimed, José Carlos Rosa Pires de Souza, o entorpecente é considerado 100 vezes mais potente do que a maconha e tem cada vez mais usuários.

“Ela é conhecida como ‘droga zumbi’, por causar efeitos extremamente graves e, ainda, ser capaz de causar dependência desde o primeiro uso, porque tem efeito alucinor, ou seja, ela causa alucinação de enxergar coisas que não existem, isto é, cem vezes mais que a maconha natural.

Além disso, pode acarretar oscilação do humor, com ideia de suicídio e, ainda, irritabilidade, agressividade, delírios, confusão mental, desorientação no espaço, contorcimento do corpo ou, por vezes, também relaxamento com o efeito chamado zumbi”, explicou.

O especialista ainda ressaltou que, diante dos fatos que explanaram a possibilidade da chegada da droga ao Estado, a prevenção é o primordial. “As pessoas precisam estar atentas aos efeitos irreversíveis que ela pode acarretar na vida das pessoas. No caso de a dependência já ter acontecido e a pessoa procurar ajuda, vamos partir, logo no início, para uma internação em hospital, mas a realidade é que, por ser um caso relativamente novo, por aqui, o tratamento ainda tem muito o que evoluir”, frisou.

“Estamos descobrindo quais são os insumos que a compõem, pois são camuflados, para não ter essa detecção”, disse a delegada do DRE de Cuiabá (MT), Juliana Palhares. 

Delegada Juliana Palhares, do DRE Cuiabá (MT). Fotos: Marcos Maluf

“Ainda não tivemos indícios concretos. Se essa droga chegar aqui, precisamos investigar como ela está vindo”, citou o delegado tpítular da Denar, Hooffman D’Ávila. 

Hooffman D’Ávila, delegado titular da Denar. Fotos: Marcos Maluf

Conscientização contra o avanço do entorpecente

De acordo com a polícia, durante diligências rotineiras, os agentes abordaram o ônibus e, ao adentrarem no veículo, perceberam que a dona da bagagem apresentou nervosismo, momento no qual solicitaram a revista na mochila, em que, além da K9, foram encontradas quantidades de maconha, cocaína e ecstasy. A passageira foi presa em flagrante.

Diante do cenário, o delegado de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Hoffman D’ávila, confirmou que já existe certa preocupação com a possível chegada da chamada “droga zumbi” ao Estado. “Ainda não tivemos indícios concretos, mas estamos realizando todo um trabalho preventivo e pedagógico, que inclui a realização de palestras para explicar os malefícios do novo entorpecente. Isso porque, se essa droga chegar aqui, precisamos investigar como ela está vindo”, explicou.

Ainda sobre apreensões, na terça-feira (25), foi deflagrada a operação Mato Seco, para cumprimento de 17 mandados judiciais contra alvos investigados por tráfico de entorpecentes, no norte de Mato Grosso. A operação Mato Seco foi coordenada pela DRE (Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes) e é resultado de uma investigação sobre tráfico de drogas, realizada por um grupo criminoso que enviava maconha para o norte de Mato Grosso, com ramificações no Mato Grosso do Sul.

Segundo a Polícia Civil, três equipes da DRE (Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes), estiveram em Campo Grande, para o cumprimento de seis ordens judiciais. Na ocasião, dois homens foram presos e uma adolescente apreendida. O

cumprimento dos mandados ocorreu nos bairros Moreninhas, Parque do Lageado, Zé Pereira e no Amambai. Além de objetos eletrônicos, foram apreendidas 256 gramas de maconha e 522 gramas de cocaína.

Conforme a delegada da DRE de Cuiabá, Juliana Palhares, a identificação da “droga zumbi” é mais difícil do que as mais comuns. 

“Nós estamos descobrindo, ainda, quais são os insumos que compõem essa nova droga, porque são utilizados produtos químicos camuflados, justamente para não ter essa detecção como positivo, ou seja, no laudo preliminar, se não há resultado positivo, tecnicamente não há crimes de tráfico de drogas e aí nós entramos nesse impasse”, explicou.

A delegada ainda salientou acerca do risco da droga. “Nosso desafio é impedir que ela chegue ao MS e ao MT e, se ela chegar, precisamos descobrir de onde ela vem, levando em consideração que é extremamente nociva”, disse.

 

Fotos: Marcos Maluf

Michelly Perez – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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