DOF faz a maior apreensão de droga do país no interior de MS

As 33 toneladas se aproximam da quantidade de maconha apreendida em todo 2019

O DOF (Departamento de Operações da Fronteira) apreendeu, na quarta-feira (26), a maior quantidade de maconha em uma só ação na história do Brasil. Um total de 33 toneladas da droga foi localizado em uma carreta em estrada vicinal da MS-166, em Maracaju. Dois homens que estavam em um veículo fazendo a “segurança” da carga foram presos. O motorista fugiu pelo matagal vizinho à pista. Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a apreensão do DOF, sozinha, quase iguala o total de maconha tirada das ruas pela Polícia Federal no ano passado: 48,7 toneladas.

É a segunda vez que as autoridades batem o recorde no Estado, somente neste ano. Em abril, foram 28 toneladas de maconha localizada em Iguatemi, em operação conjunta entre a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Ao todo, as autoridades de Mato Grosso do Sul mais que dobraram a apreensão de maconha no Estado. Entre janeiro e 27 de agosto de 2019, foram 73,3 toneladas da droga capturadas pelas forças policiais. Este ano, no mesmo período, a quantidade já chegou a 180,5 mil quilos.

Na ocorrência desta quarta, o tenente-coronel Wagner Ferreira da Silva, diretor do DOF, disse ao O Estado que a audácia da quadrilha foi grande. A droga estava armazenada dentro da carreta sem nenhum tipo de disfarce. Ou seja, visível a olho nu. Segundo ele, as equipes patrulhavam a rodovia estadual quando suspeitaram do veículo, que vinha em sentido oposto. Deram sinal de parada para fazer a averiguação, mas o motorista tentou a fuga. Entrou na estrada vicinal, mas perdeu o controle ao buscar uma manobra e acabou pulando da cabine, correndo em direção a um matagal. Um carro que vinha atrás foi parado. “A pandemia fechou as fronteiras oficiais, mas temos 15 mil quilômetros ao todo, muitas delas na área rural, onde o limite é uma estrada de terra. Com o relaxamento das regras de isolamento nos países vizinhos está havendo uma pressa [dos traficantes] para dar vazão à demanda reprimida e atender os mercados, principalmente do Sudeste. Por isso não se preocupam em utilizar carretas e nem em camuflar a droga”, disse Silva.

A dupla detida não soube ou não quis explicar qual seria o destino da droga, avaliada em até R$ 50,3 milhões no mercado do tráfico de drogas. De acordo com o diretor do DOF, os bandidos geralmente são contratados para transportar ou escoltar as cargas por trechos, geralmente curtos. “Quando se chega em uma cidade grande, eles trocam a equipe contratada pelas quadrilhas”, disse.

Sobre o aumento de apreensões, Silva credita os números a dois fatores. O primeiro é motivado pelas operações conjuntas entre as forças policiais, que acontecem desde o ano passado e por pouco não foram interrompidas após discordâncias da gestão estadual com o governo federal sobre divisão de verbas do Fundo Nacional da Segurança Pública. A União recuou após a polêmica e garantiu a integridade do dinheiro a que o Estado tem direito. O segundo é a forma de atuação. O diretor do DOF aponta que com a pandemia as estradas diminuíram seu fluxo, concedendo às autoridades formas mais abrangentes de fiscalização e identificação dos transportes feitos pelo tráfico.

A Polícia Civil vai continuar as investigações para tentar descobrir os responsáveis pelo carregamento. A dupla presa não teve a identidade revelada.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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