Grupo pretendia levar dez caminhonetes para o Paraguai em troca de drogas
Uma operação da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Civil de São Paulo, resultou na prisão de uma quadrilha especializada no furto de caminhonetes Toyota Hilux e SW4. O grupo, formado por criminosos de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, vinha agindo em série na Capital e pretendia abastecer o crime organizado na fronteira com o Paraguai.
Veículo recuperado durante operação – Foto: divulgação/Polícia Civil
Segundo a Polícia Civil, por maio da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos) os furtos começaram em 20 de setembro. Em apenas três dias, os bandidos levaram duas Hilux e duas SW4, todas durante a madrugada. Câmeras de segurança flagraram um Fiat Uno Sporting dando suporte às caminhonetes.
O monitoramento constante permitiu que, por volta das 2h da madrugada de 23 de setembro, uma SW4 branca furtada na Rua Abrão Julio Rahe fosse interceptada. Dois integrantes foram presos em flagrante, junto com o Fiat Uno usado como carro de apoio. Dentro da caminhonete, os agentes encontraram aparelhos eletrônicos para ligação direta, chave de fenda adaptada e uma chave virgem de Hilux.
Horas depois, às 4h50, outro suspeito foi localizado em um hotel na Avenida Afonso Pena com pertences de uma das vítimas. O quarto integrante tentou fugir para São Paulo, mas foi detido no Aeroporto Internacional de Guarulhos com auxílio da Polícia Civil paulista. Um quinto suspeito já havia sido capturado em Maracaju ao tentar atravessar um dos veículos furtados.
Delegado Erasmo Cubos – Foto: Juliana Aguiar
Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (26), o delegado de investigação da Defurv, Erasmo Cubos, explicou que a quadrilha utilizava tecnologia avançada para burlar os sistemas de segurança dos veículos. “Eles chegavam com uma chave de fenda para abrir a porta e, em seguida, conectavam um aparelho eletrônico à central do carro. Com um software, modulavam uma nova chave virgem, que passava a funcionar como original, inclusive no sistema start-stop”, detalhou.
O delegado afirmou que a quadrilha já havia levado quatro veículos para o Paraguai, onde seriam trocados por drogas. “Cada caminhonete podia render até duas toneladas de maconha em troca. Eles vieram contratados por facções criminosas ou intermediários estrangeiros”, disse.
Objetos apreendidos com os suspeitos – Foto: Juliana Aguiar
Criminosos de fora do Estado
Nenhum dos presos é de Mato Grosso do Sul. “São aventureiros que vêm de fora acreditando que podem agir em um Estado seguro e próximo da fronteira”, observou o delegado. As investigações indicam que pelo menos sete pessoas fazem parte do esquema, que tinha logística organizada, onde, enquanto alguns abriam e ligavam os carros, outros faziam a condução até a fronteira.
Apesar da ousadia do grupo, o delegado destacou que o número de furtos de veículos caiu quase 50% no Estado em comparação ao ano passado. “Ainda recebemos essas quadrilhas de fora, mas as ações integradas têm dado resultado”, afirmou.
Veículo utilizado como apoio para os criminosos durante os furtos – Foto: Juliana Aguiar
A SW4 interceptada foi devolvida ao proprietário ainda na quinta-feira (25), poucas horas após o flagrante. O delegado reforçou a importância de medidas preventivas. “Mesmo com a sensação de segurança, é recomendável que veículos de alto valor fiquem em garagens ou estacionamentos fechados”, alertou.
Os quatro presos seguem em custódia da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e devem responder por furto qualificado, associação criminosa e receptação. A Defurv informou que as investigações continuam para identificar os demais envolvidos e desarticular toda a rede ligada ao crime organizado na fronteira.
Com colaboração da repórter Inez Nazira
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