Mesmo antes de Jair Bolsonaro virar presidente e levar à cúpula do poder seu discurso contra os ativistas que defendem a natureza, o Brasil já era o país mais perigoso do mundo para os ambientalistas (uma classificação em que foi superado pela Colômbia em 2018). São crimes que na imensa maioria dos casos não foram esclarecidos, nem sequer julgados. Dos 300 defensores da Amazônia brasileira assassinados na última década, só 14 casos acabaram diante de um tribunal, revela a organização não governamental Human Rights Watch (HRW) no relatório intitulado As Máfias da Floresta Tropical, divulgado nesta terça-feira.
Na semana passada, um funcionário do Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente (Ibama) foi assassinado com dois tiros quando circulava de moto em São Luís, no Maranhão. Em março, Dilma Ferreira da Silva, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), foi assassinada na região de Tucuruí, no Pará. A força-tarefa da Polícia Civil confirmou que Silva, seu esposo e um amigo do casal foram assassinados a mando do grileiro Fernando Ferreira Rosa Filho, conhecido como “Fernandinho”. O mandante era vizinho do assentamento que os ativistas viviam e queria as famílias fora da área.
A impunidade, de todo modo, vem de longe. Dos 28 assassinatos, quatro tentativas de homicídios e 40 casos de ameaças atribuídos a madeireiros ilegais desde 2015 e analisados detalhadamente pela HRW, só duas das mortes foram levadas a juízo.
A ONG exigiu que o Ministério da Justiça elabore com o Ministério Público, as polícias e as agências ambientais um plano de ação para conter a violência e intimidação contra os ativistas e para desmantelar essas redes criminais. Também pede à Procuradoria Geral da República que faça desse assunto uma prioridade. (El País)