O número de assassinatos no Estado do Ceará mais do que dobrou em fevereiro, durante o motim dos policiais militares, paralisados há 12 dias. Do dia 1º a 25 deste mês, foram registradas 364 mortes violentas, um aumento de 138% em comparação com o mesmo período de 2019, quando houve 153 homicídios.
Desde o dia 26, o governo estadual parou de divulgar os números diários. A Secretaria de Segurança Pública justificou que, “com o fim do carnaval, há um acúmulo de trabalho no setor de estatística, que deve ser normalizado nos próximos dias”.
Mais da metade dos assassinatos aconteceu durante os dias de motim: do dia 19 a 25 de fevereiro, foram 198 mortes, uma média de 28 assassinatos por dia no Estado. A média diária era de 8 homicídios em janeiro. Só na última quinta-feira (27), foram registrados 37 assassinatos, número acima da média diária até durante a paralisação.
Com o aumento da violência, o governador do Estado, Camilo Santana (PT), pediu que o governo federal autorizasse o envio do Exército ao Ceará, por meio da GLO (Garantia da Lei e da Ordem). O presidente Jair Bolsonaro autorizou o uso das forças militares no último dia 20 e, sob pressão, prorrogou o prazo até o dia 6 de março nesta sexta-feira (28).
O governo do Ceará e os PMs paralisados não chegaram a um consenso na negociação porque a categoria reivindica a anistia dos envolvidos, além do reajuste salarial. Para enterrar a possibilidade de anistiar militares amotinados, Santana enviou uma PEC à Assembleia Legislativa nesta sexta-feira que proíbe expressamente o perdão para policiais que participarem desse tipo de ato. A Casa vota o projeto já neste sábado (29), em convocação extraordinária aos deputados estaduais.
(Texto: Poder 360)