Sul e Centro-Oeste podem se tornar novos epicentros da pandemia

A pandemia do novo coronavírus, que começou pelo Sudeste, passou pelo Norte e Nordeste do Brasil, agora se fixa no Sul e Centro-Oeste do país. Monitoramento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que a taxa de transmissibilidade da doença está em ascensão nas duas regiões há cerca de três semanas.

O número indica o esperado de transmissões que devem ocorrer a partir de um infectado. Quando está abaixo de 1, aponta uma queda progressiva da incidência. No Sul, esse índice chegou a 1,24, seguido do Centro-Oeste, com 1,2. No Brasil, a taxa acumulada é de 0.96.

“A gente não atingiu o mesmo nível da pandemia de outras regiões, mas resta saber até quando vai esse aumento”, afirma o estatístico Wagner Bonat, coordenador do estudo da UFPR.

Os estados das duas regiões continuam na parte baixa da tabela de casos e mortes por Covid-19 na comparação com o restante do país. Mas os dados apontam para um crescimento nos próximos dias.

Bonat explica que quando medidas de flexibilização ou endurecimento das restrições são adotadas, elas refletem rapidamente nos números de contágios. Atualmente, a tendência é de aumento dos casos nos três estados.

Porto Alegre está com 80% das UTIs ocupadas, mas há casos, como o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em que sobraram apenas 5% de vagas. Segundo o estudo da UFPR, a taxa de transmissão marca 1,29, apontando para um crescimento progressivo.

Na região Centro-Oeste do país, os maiores índices de transmissibilidade são registrados em Mato Grosso e Goiás (ambos com 1,2). No primeiro, a situação é crítica no quadro de UTIs públicas. Nas 13 unidades de oito cidades do estado que atendem pacientes da Covid-19 há pelo menos 75% dos leitos ocupados e, em oito, a taxa está acima de 80%.

Seis delas ficam no interior do estado. Cinco estavam lotadas na última segunda (29). A unidade com mais leitos no interior fica no Hospital Regional de Sinop, sob gestão estadual, onde todas as 20 vagas estavam ocupadas. Na cidade, já são 21 óbitos.

(Texto: Folhapress com João Fernandes)

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