Nota técnica produzida por pesquisadores do Instituo de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúdae (Icict/Fiocruz) alertou que as queimadas em larga escala na Amazônia e no Pantanal tendem a agravar o quadro de covid-19 nessas regiões.
As queimadas estão atingindo níveis recordes em 2020. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto, o número de focos ativos de queimadas na Amazônia Legal foi de 39.177, cerca de 160% maior do que no mesmo mês em 2019, enquanto no Pantanal foi de 5.935, 300% acima do mesmo período no ano passado.
O alerta dos pesquisadores é para o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto aos riscos e cuidados necessários diante deste quadro. A Nota aponta um risco de 30% no aumento da internação por doenças respiratórias de crianças moradoras de áreas próximas a queimadas, em comparação com crianças residentes em outras áreas.
Segundo a Fiocruz, a exposição à fumaça gerada pelas queimadas pode gerar doenças respiratórias, processos inflamatórios e agravar os casos de Covid-19. Além disso, “mesmo que não haja a infecção pelo vírus Sars-CoV-2, as pessoas afetadas pela fumaça derivada de queimadas poderão enfrentar sérios problemas de diagnóstico e atendimento na rede de saúde, que já se encontra comprometida com a atenção aos doentes graves de Covid-19, principalmente em leitos hospitalares (…). O esperado aumento na incidência de doenças cardiovasculares e respiratórias, principalmente em grupos mais vulneráveis como crianças e idosos, em virtude das queimadas, tende a intensificar a demanda por serviços de saúde dessas regiões”, diz a Nota Técnica.
O estudo mostra que três regiões apresentam os maiores riscos à saúde pública num cenário de queimadas associado à epidemia causada pelo novo coronavírus. São elas: o Bioma Pantanal; o Arco do Desmatamento no sudeste do Pará e norte do Mato Grosso; e a Porção Ocidental da Amazônia Legal. Ainda conforme a Fiocruz, O Bioma Pantanal compreende apenas 11 municípios, todos com escassez de serviços de saúde e com altas taxas de casos e óbitos por Covid-19. Além disso, o Mato Grosso do Sul é um dos epicentros atuais da epidemia do novo coronavírus desde junho de 2020.
Nos últimos anos, antes da epidemia de Covid-19, estudos realizados pelo Icict e por outras instituições já alertavam para um aumento na incidência de doenças respiratórias no período do ano em que ocorre, de forma coincidente, a diminuição das chuvas na Amazônia e no Pantanal, a queda dos índices de umidade, a ocorrência de queimadas e a contaminação atmosférica pelos diversos tipos de poluentes.
De acordo com a Nota Técnica, os focos de queimadas atingem grande parte dos estados do Mato Grosso, Rondônia, Maranhão, leste de Roraima e leste do Pará, além de parte do Mato Grosso do Sul, próxima ao Pantanal.
(Com informações da Agência Fiocruz de Notícias)