Para presidente do Sinmed, profissionais se sentem inseguros para fechar diagnóstico sem prova
A cada dez pacientes diagnosticados com coronavírus em Mato Grosso do Sul, nove tiveram a confirmação da doença por meio de testes rápidos ou RT-PCR, considerado padrão ouro. De 81 mil pacientes com a doença em Mato Grosso do Sul, 78 mil passaram por exames laboratoriais, o que representa 96,9% do total de acometidos com a síndrome respiratória. Os dados são da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
O Lacen (Laboratório Central de MS) desde o início da pandemia, em março, já realizou 137 mil testes RT-PCR e 42 mil confirmaram a presença da doença. Foram feitos, ainda, 174 mil testes rápidos para COVID-19. Destes, 34 mil testes rápidos deram positivo para coronavírus. Em 2,2 mil pacientes, a constatação da doença veio por meio de testes sorológicos.
O Ministério da Saúde publicou, no dia 9 de setembro, uma normativa que permite que o diagnóstico clínico também componha a base de dados da COVID-19. Na prática, isso permite que exames de raios X e tomografias confirmem a doença, sem que o paciente precise passar por testes laboratoriais.
De acordo com a SES, apenas 510 pacientes foram confirmados com COVID-19 por meio de diagnósticos clínicos em todo o Estado. Segundo o presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira, o baixo percentual de confirmações da doença sem os testes ocorre pela insegurança dos profissionais em definirem o diagnóstico sem uma prova.
“Os colegas médicos ficam inseguros e esses diagnósticos são poucas vezes colocados como definitivos sem nenhum teste. Consideramos como hipótese, solicitamos o teste, e aguardamos o resultado. Isso é o que acontece na prática. Até sair o resultado, ele configura como suspeita de síndrome respiratória”, reiterou.
Cerca de 1,3 mil pacientes tiveram diagnóstico positivo para o coronavírus por meio de critério clínico epidemiológico, conforme a SES. Silveira explicou que, neste caso, por Mato Grosso do Sul estar como uma área endêmica para COVID-19, “até que se prove ao contrário, o paciente está com o vírus que apresenta maior circulação”.
O médico salientou que, como a circulação de COVID-19 é considerada altíssima, um paciente gripado, pela epidemiologia e probabilidade, estará com coronavírus. O terceiro tipo de teste clínico aceito é o de critério clínico por imagem. Neste caso, o exame definidor que sugere a COVID é a tomografia.
Temos um padrão de inflamação no pulmão que chamamos de lesão em vidro fosco, que é muito sugestiva para pneumonia viral, porque a pneumonia clássica, podemos dizer assim, é bacteriana. Quando olhamos na tomografia com essa lesão, é altamente sugestiva para COVID”, frisou.
O presidente do Sinmed reiterou que, na pandemia, a pneumonia recorrente é a viral, e que ela não se restringe a um pulmão só. Diferente da pneumonia bacteriana que pode acometer apenas um pulmão. Acesse a reportagem completa e outras notícias.
(Texto: Mariana Moreira)