Nem chegada de frente fria faz isolamento social ter índices aceitáveis no Estado

Divulgação/PMCG
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Nem os apelos do secretário de Estado da Saúde, Geraldo Resende, comoveram os sul-mato-grossenses a permanecerem em casa diante da frente fria registrada a partir do último fim de semana.

Com mínimas que bateram na casa dos 11ºC no último domingo (23), apenas seis cidades do Estado apresentaram índices de isolamento social acima dos 40%, considerado o ideal para frear a contaminação pela COVID-19 em meio à ameaça de uma terceira onda da doença.

Bodoquena (40%), Terenos (40,57%), Ladário (40,74%), Nioaque (43,33%), Bonito (44,12%) e Jaraguari (46,94%) são os municípios com índices considerados ideias de isolamento no último fim de semana, segundo informações do banco de dados da secretaria.

Nenhuma das maiores cidades do Estado tem isolamento considerado ideal. De acordo com os dados, Campo Grande, por exemplo, teve apenas 29,68% das pessoas  rastreadas cumprindo o isolamento, mesmo com as baixas temperaturas. Patamar idêntico ao registrado em março, quando as médias começaram a desabar. Em 7 de março, chegou ao pico de 43%. Desde então, nunca mais ficou no índice considerado aceitável segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Dourados, que vive momento crítico da doença, teve apenas 27,75% de isolamento registrado. Ponta Porã (29,06%), Três Lagoas (26,55%) e Corumbá (33,57%) também não ligaram ao frio para ir às ruas, mesmo com as recomendações.

Sonora (9,52%), Mundo Novo (18,18%), Naviraí (20,37%) e Rio Verde de Mato Grosso (20,59%) apresentam estado crítico de isolamento, abaixo do índice considerado aceitável de 20%.

Para o secretário Resende, é visível a culpa pelo relaxamento do isolamento como parte da responsabilidade pelo cenário trágico pelo qual passa o Estado. “São os relaxamentos de decretos que fazem isso. Há uma parcela da população que não tem contribuído e deixou de seguir as orientações das autoridades da saúde”, apontou.

Para o médico sanitarista Gonçalo Vecina, da USP (Universidade de São Paulo), a população continua confusa quanto às recomendações. “Durante o ano passado a população conviveu com o negacionismo dos governantes. Agora há a vacina. Por mais que Mato Grosso do Sul esteja acelerando a imunização, é importante ressaltar que somente uma dose não é o suficiente para voltar à rotina como se nada estivesse acontecendo. Existe um paradoxo no Estado. Vacinação andando depressa, mas ao mesmo tempo a doença também está se alastrando rapidamente e tendo como alvo justamente os mais jovens, ainda sem previsão de serem vacinados. Fica difícil convencer as pessoas da importância de ficar em casa depois de um ano”, disse ao jornal O Estado. O resultado dessa confusão se reflete nos números.

Os casos positivos para coronavírus voltaram a disparar em Mato Grosso do Sul nos últimos dias. Com mais 1.175 casos positivos apresentados no boletim epidemiológico de ontem (24), a média móvel, que calcula os testes positivos dos últimos sete dias e indica tendência de alta ou queda, bateu novo recorde.

De acordo com o indicador, o Estado confirmou 1.702 novos casos por dia na última semana. A título de comparação, no início do mês a média móvel estava em 874 no dia 5 de maio, mas voltou a aumentar gradativamente. O novo boletim registrou mais 31 mortes em decorrência da doença. Com isso, o número total de mortes por COVID em Mato Grosso do Sul passa a 6.492. A média móvel indica 37,6 vidas perdidas por dia na última semana. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde, Mato Grosso do Sul possui 1.409 amostras em análise no Lacen e em laboratórios parceiros, e outros 8.163 casos sem encerramento pelos municípios.

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