MS liga o alerta com casos da nova variante da COVID-19 em SP

Variação do vírus pode ser até 70% mais transmissível que versão atual

As autoridades sanitárias de Mato Grosso do Sul ligaram o sinal de alerta após o Ministério da Saúde confirmar, durante a passagem de ano, que dois pacientes de São Paulo estão com suspeitas de terem contraído a nova variante da COVID-19.

A nova cepa do vírus, potencialmente mais transmissível que a versão atual, foi detectada em dezembro na Inglaterra e em diversos países da Europa e da Ásia. A informação de que ela chegou ao Brasil foi dada pelo laboratório Dasa, líder brasileiro em medicina diagnóstica, que fez a identificação em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A empresa diz que já comunicou a descoberta ao Instituto Adolfo Lutz e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

“O Instituto Adolfo Lutz está analisando duas amostras de vírus de casos com contato com o Reino Unido e, em até 48h, fará o sequenciamento genético para identificação da linhagem”, disse o ministério em nota.

Segundo o ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control), estima-se que a nova linhagem tenha uma transmissibilidade até 70% superior ao que se tem como parâmetros atualmente. No Reino Unido, ela já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas não há indícios de que ela seja mais letal. As agências de saúde, especialistas e autoridades científicas do Reino Unido afirmam que tal linhagem não deve afetar a eficácia das vacinas que foram desenvolvidas contra a COVID-19.

E, segundo o infectologista Júlio Croda, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e da Fundação Oswaldo Cruz, é a esta informação que a população tem de se apegar. “O momento é de se dedicar às vacinas e trabalhar para que elas estejam disponíveis o mais rápido possível”, disse, em entrevista ao jornal O Estado.

“Ainda é muito precoce a gente fazer qualquer tipo de análise sobre a nova variante [do coronavírus], mas não tem como não definirmos que certamente chegará aqui [em MS], até pelo fato de sermos um estado vizinho de São Paulo. Por isso é fundamental rastrear a contaminação, avaliar o seu impacto, seguir com os cuidados com os grupos de risco”, ponderou o infectologista.

De acordo com Croda, a nova cepa ainda não representa um desafio a mais para os cientistas e médicos se preocuparem com o vírus. “Dado seu alto poder de transmissão, esse resultado reforça a importância da quarentena, e de manter o isolamento de 10 dias, especialmente para quem estiver vindo ou acabado de chegar da Europa”, disse.

À Globo News, o virologista Fernando Spilki, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disse que, num estudo da Universidade de Oxford, na própria Inglaterra, que está para ser publicado neste fim de semana, aponta-se que, na verdade, o avanço da nova cepa do vírus no país se deu pelo afrouxamento das regras de biossegurança entre os mais jovens. Por isso essa faixa etária acabou se tornando um alvo maior entre os infectados.

“Acaba de sair agora à tarde um artigo da Universidade de Oxford que afirma que todas as faixas etárias são suscetíveis, mas impressiona no primeiro momento que em pessoas abaixo de 20 anos houve um registro importante de casos em uma faixa etária que antes era menos atingida pelo vírus. Isso revela dois alertas: isso não significa que os mais velhos não estão suscetíveis e parece que essa nova cepa se espalha melhor nos mais jovens, o que impactará certamente o retorno das aulas e a campanha de vacinação”, destacou o virologista.

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