Segundo o Boletim do Observatório COVID-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as mortes pelo novo coronavírus no Brasil, tiveram queda nas ultimas dez semanas, a média diária chegou a 670 na Semana Epidemiológica 34 (15 a 28 de agosto). Em abril de 2021, o país chegou a ter uma média de mais de 3 mil mortes diárias.
Conforme o boletim, o número de novos casos de COVID-19 teve queda média de 2,4% ao dia na semana estudada e atribui à vacinação a redução contínua na mortalidade e nas internações pela doença no país. Os pesquisadores pedem para que o processo seja rápido e ampliado, ressaltando que a maioria da população adulta ainda não está completamente vacinada e que a vacinação de adolescentes ainda está em fase inicial.
“Segundo dados compilados pelo Monitora COVID-19, considerando os adultos (acima de 18 anos), 82% dessa população foi imunizada com a primeira dose e 39% com o esquema de vacinação completo. Apesar de ainda ser necessário avançar na ampliação e aceleração da vacinação, esse processo contribui para a importante tendência de redução da incidência e mortalidade, sendo notável o declínio no número absoluto de internações e óbitos em todas as faixas etárias”, assegura o boletim.
Após vacinação, a transmissão ainda continua
As vacinas não impedem completamente a transmissão do novo coronavírus, mesmo com a vacinação completa. Pessoas vacinadas podem transmitir para outras pessoas, e não estão totalmente livres do risco de desenvolver um quadro grave, mesmo que esse risco esteja sido reduzido devido a imunização. Os pesquisadores dizem ver um cenário em que o ‘relaxamento’ das medidas de distanciamento social, tanto por parte da população, quanto dos governos, acaba no crescimento a presença da variante Delta nas amostras analisadas.
“O conjunto desses fatores resulta em cenário que combina incertezas com exigência de muita atenção”, afirmam. “A redução do impacto da pandemia de modo mais duradouro somente será alcançada com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde e o reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso correto de máscaras e o distanciamento físico”.
Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma complicação relacionada à COVID-19, ainda se encontram em nível altíssimo no Paraná, Rio de Janeiro, em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal.
Ocupação de leitos
A taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para COVID-19 está fora da zona de alerta para 23 estados e o Distrito Federal. As exceções são Roraima, que está na zona de alerta crítico, com 82%, Goiás (62%) e o Rio de Janeiro (72%), que estão na zona de alerta intermediário.
O boletim considera ainda que o estado do Rio de Janeiro é o mais preocupante até o momento, com a região metropolitana da capital apresentando percentuais críticos de ocupação: Rio de Janeiro (96%) – Belford Roxo (100%), Duque de Caxias (94%), Guapimirim (90%), Nova Iguaçu (85%), Queimados (78%) e São João do Meriti (83%).
“O temor por uma reversão da tendência de melhoria nos indicadores da pandemia tem sido colocado, tomando justamente o Rio de Janeiro como exemplo e designando-o como epicentro da variante Delta. É necessário manter cautela e continuar acompanhando os indicadores nas próximas semanas. Deve-se evitar a perspectiva alarmista, mas também não se deve assumir que o panorama indica a possibilidade de flexibilização absoluta de atividades e circulação de pessoas”.
O boletim que foi divulgado nesta sexta-feira (3) reforça a avaliação de que, com o grande avanço da vacinação para a população mais jovem, o rejuvenescimento da pandemia no primeiro semestre deste ano foi convertido.
“As internações hospitalares, internações em UTI e óbitos voltaram a se concentrar na população idosa, que apresenta maior vulnerabilidade entre os grupos por faixas etárias”.