Acredita-se que ao menos 90 mil profissionais de saúde de todo o mundo estão infectados com o novo coronavírus, possivelmente o dobro disto, em meio a relatos de escassez contínua de equipamentos de proteção, disse o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) nesta quarta-feira.
A doença já matou mais de 260 enfermeiros, disse a entidade em um comunicado, exortando as autoridades a manterem registros mais precisos para ajudar a impedir que o vírus se dissemine entre profissionais e pacientes.
Um mês atrás, a associação sediada em Genebra disse que 100 enfermeiros haviam morrido na pandemia, desencadeada por um novo coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado.
“A cifra de infecções de profissionais de saúde aumentou de 23 mil para mais de 90 mil, achamos, mas isto ainda é uma subestimativa porque não são (números de) todos os países do mundo”, disse Howard Catton, presidente-executivo do ICN, à Reuters Television em seu escritório.
A estimativa de 90 mil se baseia em informações coletadas por associações nacionais de enfermeiros, cifras de governos e reportagens da mídia de 30 países. O ICN representa 130 associações nacionais e mais de 20 milhões de enfermeiros registrados.
Observando que 3,5 milhões de casos de Covid-19 foram relatados em todo o mundo, Catton disse: “Se a taxa de infecção do profissional de saúde médio, que achamos ser de 6%, for aplicada a isso, a cifra global pode ser de mais de 200 mil infecções de profissionais de saúde hoje”.
“O escândalo é que os governos não estão coletando e relatando esta informação sistematicamente. Parece a nós que eles estão fazendo vista grossa, o que achamos que é completamente inaceitável e que cobrará mais vidas”, acrescentou o britânico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), que está coordenando a reação global à pandemia, disse que seus 194 países-membros não estão fornecendo números abrangentes sobre infecções de profissionais de saúde por estarem lidando com uma crise inédita.
No dia 11 de abril, a OMS disse que se acredita que cerca de 22 mil profissionais de saúde tinha sido infectados.
O ICN disse que agora crê que estas cifras “chocantes” subestimam significativamente a realidade.
“Esta incapacidade de registrar tanto os índices de infecção quanto as mortes de profissionais de saúde está colocando mais enfermeiros e seus pacientes em perigo”, disse o comunicado.
(Texto: Reuters)