Pandemia do novo coronavírus no Brasil ainda não está controlada e continuará a crescer, de acordo com um estudo divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Imperial College London, universidade britânica referência em medicina e ciência.
A análise é feita com base nos dados de 16 estados que já somam mais de 50 mortes pela Covid-19 (agora são 17), onde o Imperial College estima que a taxa de reprodução do vírus Sars-CoV-2 continue “acima de 1”, ou seja, uma pessoa ainda contamina mais de um indivíduo.
“Um número de reprodução acima de 1 significa que a epidemia ainda não está controlada e vai continuar a crescer. Ainda que a epidemia brasileira seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem que são necessárias novas ações para limitar a disseminação e evitar a saturação do sistema de saúde”, diz o estudo.
Segundo a universidade, essas tendências estão em “contraste gritante” com os números de países na Europa e na Ásia onde “medidas de isolamento reforçadas levaram a taxa de reprodução para abaixo de 1”.
A universidade estima que, dos 16 estados analisados, o Pará tem a taxa de reprodução do vírus mais elevada (1,90), seguido por Ceará (1,61), Amazonas (1,58), Espírito Santo (1,57) e Maranhão (1,55). São Paulo e Rio de Janeiro têm, respectivamente, índices de 1,47 e 1,44.
O estudo também calcula que 10,60% da população do Amazonas já tenha sido infectada, índice que é de 5,05% no Pará, de 4,46% no Ceará, de 3,35% no Rio de Janeiro e de 3,30% em São Paulo.
“Esses resultados ilustram que a proporção da população já infectada e potencialmente imune continua baixa”, conclui o estudo – para se alcançar a chamada imunidade de rebanho, é necessário que pelo menos 70% das pessoas tenham sido infectadas.
O relatório também compara a situação do Brasil com a Itália, onde medidas mais restritivas foram mais eficazes na redução da taxa de reprodução do Sars-CoV-2 para abaixo de 1. “Na ausência de grandes intervenções adicionais, é esperado um aumento substancial da pandemia nos 16 estados analisados”, ressalta o Imperial College.
A pesquisa analisou os números de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
(Texto: Inez Nazira com informações do IstoÉ)