Em abril de 2020, quando o novo coronavírus (SARS-CoV-2) começava sua escalada pelo interior paulista, a médica emergencista Taiane Solin, de 30 anos, falou sobre a rotina pesada de cuidar dos pacientes vítimas da covid-19.
“As coisas já tinham melhorado, eu esperava que, a essa altura, nós já estivéssemos mais preparados, e não estamos. A sensação que eu e meus colegas temos é de incredulidade. ‘Tá começando tudo de novo’, é o que mais falamos. Tem dias que saímos da UTI e vamos chorar no banheiro.”
”Estamos exaustos, a verdade é essa. As coisas tinham melhorado no fim do ano passado, mas é claro que esperávamos uma nova onda. Só que não pensamos que seria pior do que a primeira. Eu esperava que, a essa altura, nós já estivéssemos mais preparados, e não estamos. É muito angustiante porque já morreu muita gente” diz.
”As cenas dramáticas continuam. Eu tive que emprestar o meu celular — porque é sempre assim, se esperarmos o celular do hospital, não dá tempo — para uma mulher de 30 anos, grávida de 29 semanas, se despedir da filha mais velha, de 6 anos, antes de ser intubada. O parto foi feito, a bebê passa bem. Mas ela mesma está em estado grave” relata.
A enfermeira de Campinas, interior de São Paulo expôs que casos parecidos ”É o tipo de coisa que vai nos esgotando. Além disso, na minha vida pessoal, esse ano de pandemia cobrou um preço alto. Acabei me separando do meu marido, pois resolvi me isolar para evitar que ele e meu filho, de 4 anos, se contaminassem. Nosso relacionamento não suportou essa pressão.”
”Hoje, tento relaxar após os plantões me jogando no sofá e vendo novela. Ou dormindo agarrada ao meu filho, quando posso, durante as folgas. Não saio, não vou ao bar com os amigos. Meu rolê da semana é ir ao mercado.”
(Com informações: Uol Noticias)