Um em cada cinco pacientes infectados pelo novo coronavírus internados em leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) no estado de São Paulo morre por causa da doença. A informação foi divulgada hoje (14) pelo diretor do Hospital Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior, membro do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo. “Isso quer dizer que, de cada cinco pacientes que vão para a UTI, um não volta para casa. E a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em torno de 85% e aumentando”.
Segundo o coordenador de controle de doenças da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, Paulo Menezes, 8% das pessoas diagnosticadas com covid-19 no estado morreram por causa da doença. “Temos 4.315 óbitos para 54 mil pessoas diagnosticadas. Isso dá aproximadamente 8%. Ou seja, 8% das pessoas que foram diagnosticadas, vieram a óbito. E não foi por falta de leito de UTI, porque isso não está acontecendo no estado de São Paulo. Mas porque a cada dia que passa, entendemos que a doença é mais grave. O vírus é mais agressivo do que parecia no início da pandemia”, falou ele.
Segundo o diretor do Emílio Ribas, alguns pacientes de covid-19 estão apresentando insuficiência renal. “De cada dez pacientes, quatro estão evoluindo para insuficiência renal. Desses pacientes que vão receber alta, alguns deles vão precisar continuar fazendo diálise. E alguns terão ainda sequelas pulmonares. Estamos diante de uma doença nova que surpreende a cada dia com novas manifestações clínicas”, disse Pereira Junior. “Não queremos só diminuir o número de casos, mas que a população colabore [com o isolamento] para que a gente não tenha pacientes graves ou com sequelas”, enfatizou.
Óbitos em São Paulo
Segundo o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, 31% dos óbitos ocorridos em todo o Brasil pelo novo coronavírus ocorreram no estado de São Paulo. Mas esse número, segundo o secretário, já foi maior. No dia 15 de abril, os óbitos de São Paulo correspondiam a 45% de todo o país. Isso, de acordo com ele, se deve ao resultado da quarentena em São Paulo que, apesar de ainda distante do ideal, já conseguiu evitar muitas mortes e o colapso no sistema de saúde. “A política de isolamento social em São Paulo salvou vidas”.
“No início da pandemia, no dia 24 de março, 68% dos casos de coronavírus do Brasil eram de São Paulo. Depois disso, caiu para 27% no dia 13 de maio (ontem)”, acrescentou. “Essas taxas têm sido decrescentes, demonstrando a eficácia da política de isolamento social”, disse Vinholi.
Hospital de campanha
A cidade de São Paulo vai receber, na próxima quarta-feira (20), um novo hospital de campanha para tratar os casos de baixa ou média complexidade do novo coronavírus, mas que necessitam de internação. Com isso, além dos hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, administrados pela prefeitura de São Paulo, e do Ibirapuera, administrado pelo governo estadual, São Paulo vai ter o seu quarto hospital de campanha, o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Barradas, na comunidade de Heliópolis. O AME Barradas terá 200 leitos, sendo 24 de UTI e 28 de estabilização. O investimento neste hospital é de R$ 30 milhões, com R$ 915 mil de custeio.
Segundo a secretaria estadual da Saúde de São Paulo, o hospital de campanha do Ibirapuera, inaugurado no dia 1º de maio, tem neste momento 114 pacientes internados. Mas já passaram por ele 244 pacientes, sendo que 87 tiveram alta. Esse hospital do Ibirapuera recebe pacientes encaminhados por hospitais da Grande São Paulo.
(Texto: Agência Brasil)