Desconfiança sobre vacinas contra o coronavírus impera na Capital

A produção da vacina contra a COVID-19 tem deixado parte da população receosa. Enquanto alguns esperam pela vacina, outros temem a imunização e se negam a tomar uma dose. A reportagem do jornal O Estado esteve no centro de Campo Grande e escutou quem garante: “essa vacina, eu não tomo não”.

Nas ruas, as dúvidas são diversas. Tem quem pense que os estudos estão sendo feitos rápido demais e prefira esperar um pouco e tem quem duvide da procedência da vacina.

Para a cuidadora Nadir Ortega, 51, caso estivesse disponível, a vacinação ainda não seria uma opção. Ela acredita que a doença é algo muito nova e questiona as informações repassadas para a população. “Eu prefiro esperar, sei que as vacinas estão em fase de teste, mas a informação não chega com certeza para a gente. Prefiro não tomar e continuar me cuidando”, pontuou.

Já o comerciante Cezar Nogueira, 52, revela que teme a rapidez em que o imunológico está sendo produzido e o fato de ter parte das pesquisas chinesa aumenta ainda mais seu medo. “Eu não tomaria, a conversa dessa vacina não me convence muito e, mesmo se começar a se mostrar positiva, se for chinesa, também não tomaria”, afirmou.

A mesma desconfiança vem da dona de casa Sandra Maria, 52. Ela acredita que a produção está muito acelerada e por conta disso, mesmo se for aprovada, se mostra contra a vacina. “Parece que aceleraram a produção, por conta da pandemia, isso pode levar a vacina a ter muita rejeição. Tem que deixar os profissionais trabalhar, sem acelerar as coisas. Então, eu não tomaria”, frisou.

Para o autônomo Belarmino Pereira, 75, a falta de interesse em vacina vem por uma experiência após o primeiro contato com um imunizante. Ele ainda alega ter passado boa parte da vida sem vacina nenhuma e hoje prefere não arriscar.

“Eu sempre tive uma saúde de ferro, nunca tive nenhuma dessas epidemias, de sarampo, gripe aviária e gripe suína, mas quando fiz 60 anos, me falaram para tomar essa vacina [H1N1] e foi a única vez que achei que fosse morrer de gripe. Agora, se aprovarem essa vacina, sendo bem sincero, eu não tomo”, contou.

Já o publicitário Nerton Bueno, 66, se mostra desconfiado e inicialmente não tomaria, mas, prefere esperar os resultados. “De início, essa conversa anda meio estranha, mas é preciso esperar um pouco mais primeiro e se tudo der certo, posso acabar tomando sim”, revelou.

Busca pelo natural

Sem uma medicação que se mostre eficaz contra a COVID, muitos têm buscado por tratamentos com base em medicamentos naturais. É o que revela o Frei Francisco Jonas de Souza, que comanda o projeto Viver Natural, e aponta ainda que isso vem ocorrendo durante todo o período de pandemia.

“Nós sempre atendemos muitas pessoas por aqui, mas nos últimos tempos, a procura por medicamentos que ajudam no tratamento da COVID, até mesmo na prevenção, tem aumentado muito. As pessoas entram em contato por telefone, pedem para alguém vir aqui, é de todo jeito”, contou.

E completou: “O depoimento de quem fez o tratamento sempre é positivo e citam uma melhora significativa nos sintomas”. Importante lembrar que o tratamento natural não é uma cura para a COVID.

A estudante de Direito, Diana Delpadre, 22 anos, relata que desde criança tem o costume de realizar tratamentos voltados para o natural. “Acredito que a vacina, e até mesmo alguns outros medicamentos, são muito danosos para o nosso corpo. Eu não sou contra a vacina, mas não tomaria, prefiro fazer tratamentos mais naturais”, relatou.

É preciso confiar na ciência

O infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda, alerta para os riscos do debate antecipado sobre a vacinação e acrescenta que não existe nenhuma vacina pronta, estão todas em fase de teste.

“É importante respeitar as evidências científicas, nenhuma vacina que for aprovada vai ser aprovada sem ter os requisitos técnicos necessários, que é concedido através de uma rigorosa avaliação, que é feita pela Anvisa”, pontuou.

E completou: “Caso não seja aprovado, esse debate é inócuo, não se tem vacina para debater se toma ou não. No momento em que a Anvisa aprova, isso garante que a vacina é eficaz e qualquer comentário a respeito disso é pejorativo, pois não está acreditando na própria instituição brasileira regulatória”. Confira outras notícias.

(Texto: Amanda Amorim)

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