A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou ontem (20) que Campo Grande já aplicou todas as doses disponíveis e zerou o estoque da vacina CoronaVac. Com isso, cerca de 20 mil pessoas que estão com a segunda dose atrasada vão ter de continuar à espera de um novo lote.
“Todas as doses disponíveis foram aplicadas. Hoje estima-se que entre 12 e 20 mil pessoas ainda aguardam o reforço vacinal da CoronaVac, e para isso é necessário que o município receba um novo lote das vacinas”, ”, informou a Sesau em nota.
Com a produção da vacina parada por falta de insumos, o recebimento de nova remessa ainda é incerto. A previsão é de que o Instituto Butantan retome a fabricação somente após o dia 25, quando está prevista a chegada de 3 mil litros do produto necessário para produção.
Ainda ontem (20), o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, publicou em rede social a liberação de novos lotes de IFA (insumo farmacêutico ativo) suficientes para fabricar 16,6 milhões de doses de vacinas CoronaVac e da Oxford/AstraZeneca.
“Como não há previsão para a chegada [da vacina], a Sesau reforça a necessidade de acompanhar o site onde estão sendo divulgados os cronogramas de vacinação”, completou a secretaria.
A incerteza sobre a produção e o envio da CoronaVac trouxe preocupação ao governo do Estado. Com isso, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) alertou para que moradores das cidades onde ainda há estoque procurem os postos de imunização para completar o ciclo vacinal, sob o risco de ter a aplicação cada vez mais atrasada.
“É mais que uma recomendação, é um apelo que fazemos neste momento. A população precisa se adiantar porque agora existe uma incerteza quanto ao envio de remessas”, explicou o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.
Vale destacar que a incerteza à qual o secretário se refere vem da crise diplomática entre o Brasil e a China, que travou o envio de insumos para a produção da vacina brasileira. No último dia 15, o Instituto Butantan anunciou a paralisação da produção da CoronaVac após ter entregue o último lote produzido, com mais de 1,1 milhão de doses.
“O governo federal errou muito por não ter feito um planejamento adequado para aquisição das vacinas no Brasil, inclusive, a abertura de uma CPI só mostra que houve falha no enfrentamento à pandemia”, desabafou.
Para Geraldo, se não fosse a falta de gestão do Ministério da Saúde, os índices de imunização no país já teriam atingido níveis satisfatórios. “O Brasil sempre foi exemplo de vacinação, mas estamos patinando em um nível muito aquém do que desejamos por falta de aquisição e negociação de vacinas”, finalizou o secretário de Saúde.
(Texto: Clayton Neves)