Com amostras coletadas entre 1º de dezembro de 2020 a 15 de fevereiro de 2021, de pacientes de 11 a 90 anos de idade, sendo 92 homens e 93 mulheres, uma terceira variante da COVID-19 foi descoberta por cientistas brasileiros. Os pesquisadores são de cinco instituições, coordenadas pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) que sequenciou e analisou 195 genomas, provenientes de pacientes com o novo coronavírus de 39 municípios, de cinco estados (Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte). Os genomas foram depositados em bases de dados públicas internacionais (GISAID).
A novidade foi revelada em uma comunicação conjunta à Rede Corona-ômica de sequenciamento genético do Sars-CoV-2. Em trabalho independente, a mesma variante também foi descrita por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo, dados ela surgiu em agosto e está nos estados de todas as regiões, à exceção do Centro-Oeste.
Ela provoca menos apreensão que a P2 E P2, mas também compartilha a mutação E484K na proteína S do vírus, alvo da maioria das vacinas e testes de diagnóstico. Por estar associada a uma maior capacidade de transmissão, teme-se que possa escapar do ataque de anticorpos reduzindo a eficácia de vacinas.
O virologista Fernando Spilki, coordenador da Corona-ômica, diz que há evidências fortes de que existe uma maior transmissibilidade. Mas o escape de anticorpos precisa ser investigado em profundidade. As vacinas ainda se mostra eficiente.
Os cientistas também estão temerários porque se a imunização não acelerar para proteger o maior número de pessoas possível evitando, assim, que o vírus vá mudando impactandi seriamente a efetividade das vacinas.
Foco zero
O Brasil é considerado um celeiro de emergência de novas variantes do coronavírus, um laboratório a céu aberto por ser o epicentro da pandemia com a transmissão do Sars-CoV-2 descontrolada. De acordo coma a coordenadora do o Laboratório de Bioinformática do LNCC, Tereza Vasconcelos, coordenadora, a descoberta preocupa, mas não surpreende,
— O estudo de novas variantes é essencial porque o vírus está sempre mutando e quanto maior a transmissão, maior a chance de surgirem mutações. O sequenciamento, ao revelar mutações e variantes, mostra a cara do inimigo que estamos enfrentando — observa Vasconcelos.