O número de casos confirmados de covid-19 entre indígenas divulgado pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) superou a contagem do governo federal. Segundo a entidade, foram 10.341 infecções até quinta-feira (2), ante as 7.198 contabilizadas pela Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde.
A diferença entre as duas contagens ocorre, segundo a Apib, pelo fato de a Sesai não registrar e não prestar atendimento aos indígenas que vivem em territórios tradicionais em áreas urbanas e rurais. A entidade indígena afirma que o número de povos afetados pela doença é de 121.
Também é grande o contraste entre os números de óbitos entre os indígenas divulgados pela entidade e pela secretaria. A Apib relata 408 mortes de indígenas pelo novo coronavírus, enquanto o total divulgado no portal de internet do órgão do governo é de apenas 166.
O governo federal afirmou que a Sesai monitora 750 mil pessoas da população de 1 milhão de indígenas no país, dos quais 250 mil vivem em áreas urbanas. A Apib, porém, afirma que a secretaria contabiliza somente casos em terras indígenas homologadas.
A compilação dos dados da Apib é realizada pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena e por organizações de base da entidade, além de outros grupos que colaboram com a iniciativa. Segundo a entidade, a coleta dos dados é independente e centralizada e inclui também os dados da Sesai e das secretarias municipais e estaduais de Saúde.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirmou no início de junho que investiu R$ 20,7 milhões em recursos emergenciais e ações de combate à doença, que incluem a entrega de cestas básicas e a implementação de barreiras sanitárias contra a entrada em terras indígenas.
(Texto DW)