Diante de um cenário prolongado de alto número de casos e mortes, vem crescendo o interesse de pesquisadores estrangeiros e farmacêuticas multinacionais por incluir pacientes brasileiros nos seus ensaios clínicos. Dos 33 estudos de medicamentos ou vacinas para covid já autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 21 são testes internacionais de possíveis tratamentos para a infecção.
Entre os remédios em testes, há tanto drogas já registradas para outras patologias, mas que podem ser úteis contra a covid, quanto moléculas novas desenvolvidas exclusivamente para enfrentar a doença.
A farmacêutica AstraZeneca, que participa do projeto de vacina da Universidade de Oxford (Reino Unido), trouxe também ao Brasil dois estudos de medicamentos. Ambos já são registrados para outras finalidades.
“Um dos estudos é com o acalabrutinibe, um remédio registrado para doença hematológica maligna (linfoma). O objetivo é avaliar se ele bloqueia a fase inflamatória da infecção e evita a progressão da doença pulmonar”, explica Maria Augusta Bernardini, diretora médica da AstraZeneca no Brasil. “O Brasil foi o segundo país a ser incluído no estudo. Metade dos participantes serão brasileiros”, revela. A fase 2 da pesquisa, em andamento, deverá incluir cerca de 150 participantes.
O outro estudo de medicamento da farmacêutica está sendo coordenado pelo Hospital Albert Einstein. A pesquisa, desenhada por uma instituição de pesquisa americana, pretende investigar se a droga dapaglifozina, usada no combate ao diabete, pode evitar complicações da covid em pacientes com alguns fatores de risco, como doença cardíaca, hipertensão e o próprio diabetes. Os testes, já em fase 3, terão 900 participantes, metade deles brasileiros.
Iniciada em julho, a pesquisa conta com 40 centros médicos participantes sob liderança do Einstein. O hospital já fechou acordo para coordenar no Brasil outro estudo internacional de uma farmacêutica estrangeira.
O complexo do Hospital das Clínicas, ligado à Universidade de São Paulo (USP), participa de ao menos cinco testes clínicos internacionais de medicamentos, como os das drogas tocilizumabe (Roche) e otilimabe (Glaxo), ambas originalmente indicadas para tratar artrite reumatoide, mas que também são investigadas por possíveis benefícios contra a “tempestade inflamatória” causada pelo coronavírus.
Além dos medicamentos já registrados para outras doenças que são investigados para covid, há ainda moléculas novas sendo pesquisadas, como remédios desenvolvidos pelas farmacêuticas Merck e PTC para reduzir a gravidade da doença em pacientes com pneumonia ocasionada pelo novo coronavírus. Dos 21 estudos internacionais de tratamentos que estão sendo feitos no Brasil, sete estão na fase 3, a última antes do registro.
(Com informações: Estadão Conteúdo)